colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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PANDEMIA PRÉ-FABRICADA”

28/01/2021 - 06:14

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Agencia Brasil
Presidente Jair Bolsonaro e a pandemia pré-fabricada
Presidente Jair Bolsonaro e a pandemia pré-fabricada

E o Caveirão continua aprontando. Não satisfeito com a montanha de aberrações cometidas durante 2020 desde o surgimento da COVID-19, negacionista empedernido, no dia em que o Brasil alcançou o infame patamar de 220 mil mortos decorrentes da sua desatinada gestão que mantém o país na desonrosa, calamitosa posição de vice-campeão mundial de mortes pelo vírus, o defensor de milicianos e aliado dos corruptos do Centrão, saiu-se ontem com mais um disparate: “Quis o destino que uma pandemia que pode ter sido fabricada nos atingisse no inicio do ano passado”.

Mais uma vez, desta feita por vias transversas, ataca a China com suas doidivanas teorias ao insinuar que a COVID-19 pode ter sido fabricada. Não custa lembrar que o país oriental é hoje o maior parceiro comercial do Brasil e que, se resolvesse nos retaliar por conta do destempero e desequilíbrio mental desse presidente de opereta, causaria enorme, brutal reflexo negativo, na nossa economia como um todo e, em particular, no único setor nacional que passou incólume pela crise, o agrícola.

Em seu delirante e esquizofrênico mundo paralelo eivado de negacionismo, terraplanismo e outras doideiras Olavianas não lhe sobram tempo, disposição nem condições intelectuais para cuidar do Brasil real, a nona economia do mundo, nem dos seus 215 milhões de habitantes, preferindo falar para os seus cabos eleitorais da extrema direita, useiros e vezeiros emissores de fake news e teorias escalafobéticas diversas para enganar incautos e manter fiéis os saudosistas da ditadura.

Em meados de fevereiro o Brasil alcançará ¼ de milhão de mortos. Um número gigantesco, aviltante, vergonhoso, por se saber que boa parte dessas mortes teriam sido evitadas se este governo tivesse tido um mínimo de proatividade humana, técnica e operacional durante esses últimos, longos e dilacerantes 10 meses de crise da COVID-19.

São agora, novamente, mais de 1.000 mortos diários. E caminhamos para bem mais. Voltamos ao pico da doença de julho passado – e vamos ultrapassá-lo - sem sequer sair da primeira onda da epidemia, como ocorreu em toda a Europa com o corte abrupto na curva de infectados 60 a 70 dias após o seu pico.

Por aqui, nossa curva de infectados nunca se verticalizou negativamente. Não passou na verdade de uma marolinha, para usar o linguajar ultrajante de outro presidente da república anos atrás quando negava a brutal crise que se abateu no mundo em 2008.

Por inação, incompetência e negacionismo do governo federal estamos vendo se repetir na região Norte, a mesma tragédia que se abateu naqueles Estados há coisa de 6 meses, desta vez com dezenas de pessoas morrendo asfixiadas por falta de um mísero tanque com oxigênio para poder respirar, ou ainda pior: sem conseguir sequer acesso a um leito de UTI.

Morrendo à mingua ou sendo transferidas às pressas para outros Estados para tentar escapar da sanha assassina dos dirigentes políticos locais e da omissão do governo federal que só agiu – ainda assim com incompletude e tentando forçar o uso da cloroquina e outros medicamentos não indicados para o controle da doença - depois do clamor nacional que se abateu sobre o presidente e seu incompetente parceiro de teorias fajutas, o ministro da saúde, “especialista em logística” (sic).

Até onde vamos aturar esse estado de coisas? Até onde as instituições que deveriam servir de contraponto ao aloprado vão se manter em torpor covarde, enquanto nosso povo continua sendo ceifado pela morte evitável, seja por falta de vacinas, mas, principalmente, pela brutal incompetência desse (des) governo federal?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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