colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Não foi por falta de aviso

30/11/2023 - 13:22
Atualização: 30/11/2023 - 16:36

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos/Extra
Bairro do Pinheiro está desocupado devido ao afundamento
Bairro do Pinheiro está desocupado devido ao afundamento

Desde os primórdios do megadesastre que a Braskem provocou em Maceió, diga-se de passagem, o maior em área urbana do planeta, que não temos medido palavras, externado preocupações, denunciado mazelas e até escrito um livro (esgotado) sobre o lado B da exploração do sal-gema em Maceió com mais 5 técnicos de renome em Alagoas (que vamos relançar agora em dezembro na Livraria Leitura, do parque shopping).

Lá estão todos quase em letras garrafais, os erros, interferências politicas nocivas, falhas técnicas cometidas (neste caso, o prof. Abel Galindo já alertava para os perigos que a cidade ora vivencia). Quem leu sabe que lá também apresentamos soluções para o imbróglio Braskem. Há saídas, que não são as que estão sendo encaminhadas...

É até difícil num momento de apreensão destes, falar que há saídas. Mas há. Só não as que estão sendo praticadas pela prefeitura, Braskem e justiça federal em Alagoas que se arvorou como “executiva” para encaminhar soluções para o problema sem ter competência legal para isso. Soluções que a primeira vista só tem um único beneficiário: a Braskem, uma vez que todos os pleitos dos afetados pelo megadesastre cometido pela empresa foram literal e sumariamente negados. Na verdade, por esta via, estamos a anos-luz de uma solução.

E por conta disso, o que vê? Pessoas novamente sendo expulsas de suas casas (a turma de sempre já citada aproveitou-se do momento, “para limpar a área” para a Braskem, expulsando os 97 moradores que ainda resistiam em suas casas, mesmo alguns estando à distância segura do problema que a mina em emersão venha a causar), e outros vendo suas residências e empresas até então não atingidas pelo megadesastre trincar paredes, aparecer rachaduras etc.., sem que ninguém dê ouvidos a eles. Mais uma vez abandonados pela prefeitura à própria sorte. Quase seis anos após, o problema persiste e se agrava.

Tá tudo errado. Ou se muda o modelo de intervenção com o estado assumindo a gestão das ações (e não o ministério público federal) voltadas para o conserto e/ou refazimento dos prejuízos e danos (todos) causados pela Braskem na cidade, municípios circunvizinhos e Alagoas, hoje a cargo da própria empresa (onde se viu dar certo macaco gerenciando o bananal?), com esta se responsabilizando pelo pagamento das medidas que forem necessárias para devolver Maceió e Alagoas aos alagoanos.

Ou vamos continuar assistindo imoralidades como a contratação de consultorias por mais de 200 milhões de reais (é preciso seguir esse e outros dinheiros vindo de contratos desse naipe, ministério público estadual) realizados pela Braskem com “empresas amigas”. Aí tem! Voltando ao controle do estado, este terá que criar organismo extraordinário, com independência administrativa e técnica para realizar o trabalho e deverá cntar em seu conselho com representantes do MPF estadual, MPF Federal, dos afetados, do governo de Alagoas, da prefeitura de Maceió e de pessoas de notório saber em relação ao problema.

Os executivos do órgão não devem estar ligados a nenhum órgão estatal e contar com consultoria jurídica de alto nível com expertise em temas ligados à exploração mineral no Brasil.

Hora de por ordem na casa governador!



** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato