Até quando esse despautério?
Esta foi uma semana movimentada em Alagoas. Na quarta-feira os dirigentes da CPI de brincadeirinha da Braskem estiveram aqui para visitar o MPF e a Defesa Civil (exato os dois órgãos que na visão dos movimentos organizados dos afetados têm atuado contra os seus legítimos interesses, dos maceioenses e de nossa capital e de Alagoas) e, o local da Mina 18, assessorados pela Braskem.
A visita que estava programada aos Flexais gorou, por falta de tempo, segundo os senadores. Foi preciso que os moradores reagissem energicamente ao direcionamento político que diz bem para onde a comissão tende a ir em seu relatório, para que o relator comparecesse na comunidade (ainda assim, o presidente da CPI se recusou a ir). Assombroso!
Numa entrevista à imprensa local, os dirigentes da CPI fizeram sua média. Um indicativo do faz de conta que será o relatório final. Tudo de acordo com o script urdido na calada da noite que excluiu o senador Renan Calheiros da relatoria da comissão (para isso sequer titubearam em romper o padrão histórico de que quem viabiliza uma CPI ou se torna seu presidente ou o relator).
O script também foi desenhado para que a comissão tivesse a predominância de membros alinhados com os interesses da Braskem, de modo a promoverem o faz de conta das sessões amestradas, as “sugestões” pontuais de medidas corretivas (que a Braskem não cumprirá) favoráveis aos afetados e a ausência notória do depoimento de certas autoridades locais envolvidas até o pé do cabelo com essa lamentável orquestração.
Agora só falta um fecho jogando a culpa nos órgãos de fiscalização que “não cumpriram seu papel”... Todo esse imbróglio do Caso Braskem tem o mau cheiro fétido dos negócios escusos ou quase isso. Não vamos repetir o que o leitor já sabe e conhece sobre os maus alagoanos que atuam contra Maceió, Alagoas, os afetados e a população de nossa capital; tampouco lembrar o modelo de cooptações exercitado pela empresa às escancaras visando “melar” qualquer tentativa de enquadrá-la por suas ações criminosas que resultaram no maior crime ambiental do planeta em área urbana.
Nem comentar a estranha anomia e prevaricação que tomou conta das autoridades locais de todos os poderes, que no fundo é uma proteção aos interesses corporativos da multinacional que explora nossas riquezas, dá uma banana para os alagoanos e descumpre acintosamente com as suas responsabilidades no megadesastre.
Por outro lado, segundo fonte próxima ao assunto, os afetados – abandonados por todos – agora estão sendo coagidos a engolir a seco goela abaixo um desenho negocial para o Caso Braskem que, segundo consta, não é do interesse dos mesmos. O imbróglio estaria sendo orquestrado por figuras proeminentes do estamento governamental. Desenha-se mais um escândalo neste caso por si só tão escabroso?
Estamos apurando.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA