colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O Brasil que se dane

15/09/2024 - 06:00
Atualização: 13/09/2024 - 20:59

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Estamos nos aproximando das eleições municipais para prefeito e vereadores no Brasil, e o que se vê? O cada vez mais aberrante festival de gente desqualificada prometendo mundos e fundos que não irão cumprir. Ou mentindo pura e simplesmente. Na cara dura. E ponto final. O que só mostra o distanciamento dos reais anseios e necessidades da população. E nem vou perder tempo. Essa introdução é apenas para comprovar que a origem desse alheamento vem de longe e de mais alto, como se comprova ao observar pela tônica das prioridades do Congresso Nacional neste momento.

Enquanto a campanha municipal se arrasta modorrentamente país afora, cada vez mais de costas para os interesses dos cidadãos, os congressistas têm como prioridade absoluta a manutenção do Orçamento Secreto, a maior excrescência legal imposta a esta Nação por essa gente corrupta que anda comandando a casa de fazer leis. O que até o governo Bolsonaro (que entregou o país nas mãos do Centrão) era feito de forma dissimulada passou a ter caráter “oficial” nas mãos de Lira e companhia que se apropriaram de maneira criminosa das funções que deveriam ser exercidas pelo governo federal e se tornaram “donos” do cofre do tesouro nacional com suas emendas Pix, orçamento secreto, emendas do relator e por aí segue. O país é testemunha das aberrações que a quase totalidade dos políticos vem cometendo com o destino e a aplicação desse dinheiro.

Indiferentes do que está ocorrendo no país real, queimando de Norte a Sul e Leste a Oeste e absolutamente carente de apoio para uma enormidade de problemas graves que assolam o Brasil por todos os lados, os congressistas (que não estão candidatos nesta campanha) estão neste momento debruçados unicamente em conchavos de gabinete longe dos olhos do público e da mídia envolvidos na distribuição farta – e suspeitíssima – do dinheiro público para o orçamento de 2025. Que não será de menos de 50 bilhões de reais! Ou seja, apenas 591 congressistas terão em mãos recursos para gastar como, com quem e onde quiser, sem qualquer prurido ou fiscalização, equivalentes, por exemplo, a 50% de todo o orçamento do estado do Rio de Janeiro, um estado com uma população de 6,2 milhões de pessoas ou a 3 vezes o orçamento de Alagoas, que tem uma população de 3,1 milhões de habitantes!

O Congresso, absorto em interesses nada republicanos para o uso do dinheiro público, bem distante dos verdadeiros interesses da sociedade, se atola mais e mais no lodaçal de onde está de há muito metido sem nenhuma preocupação em dali sair. Ao contrário. A cada legislatura a coisa só piora. O radar que os guia ultimamente é a excrescência do Orçamento Secreto. Uma indecência a céu aberto, praticada sem nenhum prurido de vergonha ou receio.

Às favas os projetos de lei que regulamentam a reforma tributária ou uma discussão séria em torno de uma agenda de reformas de verdade, capazes de destravar o crescimento. Nada disso. Além das eleições municipais, o único tema que eletriza a esmagadora maioria dos deputados e senadores é a sucessão na Câmara e no Senado. Será desse novo arranjo de poder que dependerá a fluidez dos dutos subterrâneos por onde corre a dinheirama das emendas parlamentares, longe de quaisquer controles republicanos. O Brasil continua refém dessa turma e agora, com a excrescência das emendas parlamentares, passa a atrair a fina flor da bandidagem nacional. Bandidos ainda piores que os que lá estão.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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