colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Eleições 2026, novidades à frente?

13/10/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


Com seu pragmatismo, discrição e, digamos assim, “maleabilidade”, Gilberto Kassab, presidente do PSD, é, sem dúvida – e há algum tempo – o mais hábil operador da política brasileira atual. Um bom exemplo de seu tino para o “negócio” é que seu PSD faz parte do Governo Lula, enquanto ele é secretário de Tarcísio Freitas em São Paulo. Tanto que, nas recentes eleições, seu partido elegeu 882 prefeitos (o PT de Lula mal chegou a 243 prefeituras, em 5.556 existentes), ultrapassando o MDB, que levou 856 prefeituras.

É dele a seguinte análise sobre as últimas eleições: seis das principais siglas partidárias podem ser agrupadas em dois grupos. PL, PP e Republicanos representam a direita (a extrema direita bolsonarista não foi bem no pleito, tomando-se por base os eleitos); já PSD, MDB e União Brasil representam o centro político do país. Esses seis partidos obtiveram, nas eleições recém findas, 72 milhões de votos, enquanto a esquerda, representada por PT, PSOL, PCdoB e outros grupamentos menores, obteve tão somente 23 milhões de votos. Ou seja, apenas 1/3 dos votos em relação aos partidos de centro e direita. Um dado acachapante.

Lula, em definitivo, foi um dos maiores derrotados das últimas eleições. Ele vê as teses da esquerda, que o ajudaram a se eleger seguidamente, serem mais e mais rejeitadas a cada eleição. Essas ideias perderam apelo junto ao eleitor, que não viu resultados palpáveis para ele (foram quase 20 anos de “voo de galinha” – 1% de crescimento médio anual – nos governos do PT). E todo mundo sabe, menos ele, que finge não saber, que na última eleição para presidente não foi ele que ganhou: foi o voto contra Bolsonaro que o elegeu. Péssima sinalização para o candidato da esquerda em 2026.

Mas não foi só ele que perdeu. Bolsonaro, com sua tradicional incompetência política e radicalismo, também perdeu. Em primeiro lugar, porque fora do PL ele não manda nada. Ao contrário, cada um dos demais partidos da centro-direita navega de acordo com seus próprios interesses, que podem ser opostos aos da extrema direita bolsonarista. Em segundo lugar, porque, por conta da sua dubiedade em São Paulo, o candidato que está indo para o segundo turno, e que tem o PL na coligação, já avisou que quer vê-lo longe. E, em terceiro, as eleições de 6 de outubro deram sinal claro do “cansaço” do eleitor com a polarização burra que tomou conta do país com Bozo e Lula. Mal sinal para os dois.

Mas não se pense literalmente. Isso não é bom. Com a votação estrondosa, aqueles partidos de centro e os de direita confirmaram o que já é uma realidade: não precisam de candidatos presidenciais para crescer (ainda mais agora, com as imorais emendas reelegendo todo mundo e outros mais). Portanto, não precisam mendigar o apoio dos presidenciáveis. Ao contrário. E isso significa, infelizmente para o país e para a população, que, tal qual ocorreu com Bolsonaro e ocorre agora no governo do PT, as coisas estão indo na direção de continuar exatamente ou piores que agora, com qualquer presidente eleito refém da banda podre desses partidos.

A esperança é que, com Lula desgastado e fazendo uma péssima gestão, Bolsonaro isolado na extrema direita, e um gigantesco número de eleitores dispostos a não votar em nenhum dos dois, surja um candidato que “empolgue” e obtenha uma estrondosa votação contra os adversários presidenciáveis. É a esperança que resta aos brasileiros e a esta nação, desde que, claro, ele cumpra suas promessas e inicie o processo de remoralização da política e, na sua esteira, das demais instituições tão apodrecidas quanto o Congresso.

A ver.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato