colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Lula e o PT: o colapso de um mau legado e o fim de uma era

05/07/2025 - 06:00
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O Partido dos Trabalhadores, irremediavelmente atrelado a Lula, observa seu próprio ocaso ser paradoxalmente acelerado pelas decisões de seu líder. A falha capital reside na perda de leitura da realidade por parte do próprio Lula, leia-se mudanças sociais no país, alteração das relações de força entre os poderes e o enfraquecimento das capacidades físicas e intelectuais do líder. As mais recentes decisões “estratégicas” para ganhar as eleições de 2026 e reverter poderes do Congresso têm remotas possibilidades de sucesso, de novo, pelo óbvio: não reúnem a massa crítica política necessária nem para um nem para o outro.

Lula encontra-se hoje vítima da tática “boa constrictor” (o nome científico da jiboia) do Centrão, e sua ida ao STF para anular o decreto legislativo que anulou o decreto executivo não vai folgar o aperto dos anéis dessa gulosa serpente, ao contrário, qualquer que seja a decisão do Supremo. Acelerou o emprego de uma tática política eleitoral que os velhos revolucionários chamavam de “salto adiante”. Repaginou a velhíssima “luta de classes” superada há muito por enormes transformações sociais, tecnológicas, culturais e econômicas – que ele e seu partido não conseguiram entender.

Partiu para o embate quando sua popularidade é no mínimo sofrível, seu governo é mal avaliado, a diferença que lhe deu a vitória em 2022 diminuiu em vez de aumentar, a capacidade de mobilização tradicional (sindicatos e “movimentos sociais”) evaporou, as ruas quando ocupadas o são pelos adversários.

Como símbolo, Lula padece de óbvio desgaste de imagem – raivoso, reclamão, vociferante, repetindo os mesmos bordões e incapaz de exibir a malícia e o humor de antigamente. Quando tenta, parece patético. E deixando transparecer a tutela de uma primeira-dama que é exatamente o retrato da classe média arrivista que o PT afirma detestar.

Lula julga ter dado a volta por cima em relação à Lava Jato, condenação e prisão. Essa não é a percepção de vastíssima camada do eleitorado, incluindo quem votou nele em 2022 para se ver livre de Bolsonaro. Corrupção, má gestão das estatais, o apoio a ditadores amigos e o cansaço generalizado com um governo gastador que só pensa em arrecadar têm enorme peso político.

Chama-se resistência social a Lula e ao PT. Há personagens políticos que desembarcaram e preservaram ainda em vida certa graça e uma forte aura pessoal, como Mandela ou Pepe Mujica. Outros não souberam fazê-lo, e causaram danos ao partido e à própria imagem, como Joe Biden. Lula propaga ressentimentos, é vingativo, vive assolado pela corrupção geral em seus governos e, ultimamente tem errado consistentemente na tomada de decisões. Não é o fim que ele projetava.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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