O legado de dois desatinados
Há mais de duas décadas o Brasil é refém de um espetáculo lamentável protagonizado por duas figuras do naipe de Lula e Bolsonaro que se revezam no palco do poder, vendendo ilusões para ganhar os votos dos incautos e entregando a mais pura bandalha. Os vários mandatos de um e o – ainda bem – único do outro, se revelaram projetos pessoais de poder marcados por uma farra de recursos públicos e total desrespeito com o povo brasileiro. Explorado e exaurido entre a retórica populista ladravaz e a falsa retórica da moral e dos bons costumes, eles seguem aboletados na falsa polarização que serve apenas aos dois como cortina de fumaça para a pilhagem de uns e os arreglos golpistas de outros.
O lulismo, alardeado como o arauto da inclusão social, na verdade é um projeto perverso de instrumentalização da miséria para a fidelização eleitoral. O acoelhamento de milhões pela dependência de programas sociais, serve como cortina de fumaça para a drenagem dos cofres públicos na maior roubalheira de que se tem notícia na história recente do país. Foram e continuam sendo desviados dezenas de bilhões dos recursos públicos. Revoltante.
Já a ascensão de Bolsonaro, sob a bandeira da “nova política” do combate à corrupção, e em defesa da moral e bons costumes revelou-se a mais cínica das fraudes. Seu governo não apenas tentou dar um golpe para implantar uma ditadura militar, replicando o horror de um período que destroçou a economia e ceifou vidas, mas também exibiu um desprezo chocante pela democracia. Os ataques sistemáticos às instituições, a defesa de torturadores e a omissão criminosa na gestão da pandemia não foram “flertes perigosos”, mas atos deliberados que atestam sua vocação autoritária.
Dois mentirosos contumazes que ludibriam a fé pública com discursos vazios e promessas que jamais cumpriram. Em troca dos votos recebidos, venderam seus mandatos a um Congresso dos mais corruptos de todos os tempos, trocando favores e emendas por apoio político, desmoralizando até a barganha política do toma lá dá cá tão comum nestes trópicos. O brasileiro assiste, impotente, à apropriação do Estado por interesses particulares escusos, seja pelo aparelhamento ideológico de um, ou pela militarização do outro ou pela entrega dos destinos da Nação pelos dois ao balcão de negócios da velha política.
Para coroar essa calamidade, recentemente os bolsonaristas foram pedir arrego a Donald Trump, que, aproveitando-se da subserviência destes e da desavença com Lula – este último sempre desatinada e gratuitamente o desacatou –, impôs ao Brasil a maior tarifa atual do governo americano para transacionar. Mais um “presente” das duas pestes, que, sem pudor, já se preparam para dar continuidade a seus desígnios deletérios, articulando suas recandidaturas. De um lado, Lula, alheio à ruína. De outro, Bolsonaro, ou um assecla comprometido a anistiá-lo da iminente prisão. Assim, continuarão a infernizar a vida de brasileiros que, infeliz e previsivelmente, votarão em um dos dois ou seus representantes.
Como disse o grande Roberto Campos, “o Brasil é um país estável e previsível. Não há perigo de melhorar”. Ou fazemos uma concertação e alteramos esse estado de coisas ou vamos passar por uma das maiores crise logo ali, em 2027. Ajudar o país a chafurdar nos lulismos e bolsonarismos da vida não é boa escolha.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA