colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A PEC da bandidagem: uma tapa na sua cara, eleitor

20/09/2025 - 06:00
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A Câmara Federal decidiu essa semana que a lei não vale para eles. A PEC da Blindagem ali aprovada é um atentado à Constituição, um escudo jurídico para proteger criminosos e ladrões com mandato. Deputados querem transformar o Parlamento em um bunker de impunidade, onde a Justiça só entra com autorização prévia — e secreta — dos próprios investigados. Se precaverem da roubalheira desenfreada que promoveram nos últimos 6 anos via emendas parlamentares.

A PEC da bandidagem da Câmara dificulta investigações e prisões e estende o foro privilegiado a presidentes de partidos sem mandato, como os notórios Valdemar Costa Neto, Antônio Rueda e Carlos Lupi. É o Centrão garantindo imunidade para seus caciques. A blindagem é transversal de autoproteção. O PL liderou a votação. O PT se dividiu, revelando que o discurso contra privilégios é só maquiagem. A esquerda ajudou a empurrar esse lixo legislativo goela abaixo da sociedade. A votação secreta proposta é um convite à covardia e à bandidagem. Parlamentares se escondem atrás do anonimato para proteger seus pares — e a si mesmos.

Tal como ocorreu na Itália até os anos 1990, quando a Cosa Nostra dominava o Parlamento e o Estado, o Brasil corre o mesmo risco de ver a estrutura mafiosa ensanguentar o país e destruir o que resta do seu patrimônio moral. Para ilustrar, um então primeiro-ministro italiano foi condenado em um assassinato ligado à máfia, mas escapou da prisão graças à imunidade de senador vitalício. É esse tipo de aberração que a PEC da Blindagem, digo da bandidagem pode reproduzir aqui.

Ao ampliar o foro privilegiado, a proposta cria uma rota segura para que líderes criminosos se travistam de dirigentes políticos. O Congresso deixa de ser casa do povo para ser fortaleza de delinquentes. A impunidade é o que querem os excrescentes. E o Brasil, se não reagir, estará assinando sua rendição institucional.

Com foro privilegiado, líderes do crime poderão escapar da primeira instância, onde a Justiça é mais ágil e menos politizada. A PEC institucionaliza a delinquência. Legaliza a canalhice. E transforma o Parlamento em território hostil à lei.

Não é exagero: se essa proposta passar, veremos chefes de facção disputando eleições com apoio de partidos sedentos por votos e impunidade. O Congresso vira seu abrigo. A Constituição, papel higiênico. E o povo, ó... O Senado precisa barrar o monstrengo. Mostrar que ainda há freios na República. Ou irá coonestar com esse desatino? Aí, não haverá STF, imprensa ou sociedade que consiga reverter o colapso institucional. Ou se enterra a PEC, ou ela acelera o enterro da democracia no Brasil.

A tempo: deputados alagoanos que votaram a favor da aberração: Artur Lira, Fábio Costa, Isnaldo Bulhões, Luciano Amaral, Rafael Brito e Marx Beltrão. Com a palavra seus eleitores que acabam de ser ludibriados. Ou compactuam com essa insânia que empurra o Brasil cada vez mais para o fundo do lodo da corrupção?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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