A antítese da desigualdade no reconhecimento da diversidade social
Texto de Benedito Ramos – escritor. Membro da Academia Alagoana de Letras
O mundo contemporâneo não parece responder às questões relativas ao comportamento humano. Estratos da sociedade se escandalizam com a permissividade das leis e com o atual estado de direito. Há quem o compare à Grécia e à Roma Antiga, ao Renascimento e a tantos outros períodos em que o homem foi o centro do universo. Com os avanços dos meios de comunicação, uma ordem inversa de valores domina a geração mais jovem.
O Brasil foi reconstruído após o fim da ditadura. O povo brasileiro passou a ter noção de sua própria identidade. Nasceu, com isso, o conceito de diversidade. Com a diversidade, veio o sectarismo. O negro não aceitou mais ser chamado de “negro de alma branca”. Isso serviu para uma reflexão sobre sua origem, na miscigenação, sua participação na sociedade e seus direitos, e sobre o sentimento de perda social do período colonial e escravagista. Com o aparecimento da Aids, tida inicialmente como “câncer gay”, o homossexualismo viveu um hiato na sociedade brasileira, sendo tratado jocosamente como minoria. É possível que esse momento tenha sido a força vital para a organização desse segmento.
Da mesma forma, a mulher, cuja função era unicamente a de procriar e cuidar do marido e dos filhos, conquistou espaço, leis de proteção contra a violência doméstica e a capacidade de iniciativa livre e independente. Enfim, a sociedade brasileira aprendeu uma linguagem nova em suas relações sociais, mesmo sob a coerção da lei, e surgiu o significado do “politicamente correto”. Todos esses elementos foram essenciais para a luta contra as desigualdades.
Embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos tenha sido proclamada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, no Brasil, durante a ditadura militar, não era possível perceber seus efeitos. Na década de 1990, com a aproximação do fim do século 20, o homem reflete sobre seu papel no planeta, a destruição da camada de ozônio, o desmatamento e a emissão de gases tóxicos. Essa preocupação com o próprio homem permite a percepção de outro lado dessa mesma diversidade social, que passa a ser reconhecida dentro de suas especificidades: as pessoas com necessidades especiais, antes tratadas com termos pejorativos como “retardadas”, “mongoloides”, “aleijados”, “cegos”, “surdos”, “surdos-mudos”, “mudos”, “loucos” e outros.
A partir daí, promoveram-se meios de facilitação das relações sociais, com maior aceitação e menor discriminação, também sob o amparo da lei. Devemos reconhecer que um novo código de conduta foi criado para pessoas especiais e o reconhecimento de seus direitos de mobilidade, acessibilidade e liberdade assistida.
Esta história, no entanto, ainda não termina. Enquanto isso, buscamos respostas para a libertação social no mundo contemporâneo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA