Jubileu de diamante da Faculdade de Medicina de Alagoas
Texto de João Aderbal de Moraes – médico da Santa Casa de Maceió e membro do Instituto Histórico de Alagoas(IHGAL)
A trajetória da Faculdade de Medicina de Alagoas representa um marco na história educacional e social do Estado. Não nasceu do improviso, mas da convergência entre sonho, coragem e perseverança. Sua consolidação foi fruto da ação de visionários, mestres e guardiões da memória, que transformaram um ideal coletivo em realidade duradoura. Entre tantos nomes que contribuíram para essa história, 16 personalidades estão fixadas para a História, em placa de bronze, instalada no Prédio da Faculdade de Medicina no campus A. C. Simões. O magnífico reitor Tonholo assim se pronunciou: ‘ Ä Fundação da Faculdade de Medicina de Alagoas foi um marco indelével na história de toda Alagoas, repleta de abnegação, luta e fulgor visionário’.
Nesta quarta-feira, 24 de setembro, a Faculdade de Medicina de Alagoas encerrou as festividades do seu Jubileu de Diamante(75 anos) da Fundação da Faculdade de Medicina de Alagoas(03/05/50-03/05/2025) na Casa da Palavra ã rua Ladeira do Brito, Centro de Maceió.Nos anos 1940, Alagoas carecia de uma escola médica. Jovens vocacionados eram obrigados a buscar formação em outras capitais, enfrentando distâncias, dificuldades financeiras e desafios emocionais. Nesse cenário, destacou-se Abelardo Duarte, pediatra por vocação e homem de visão. Ele percebeu que a criação de uma faculdade de medicina não era apenas um avanço educacional, mas uma necessidade urgente para melhorar a saúde pública e fortalecer o desenvolvimento humano no Estado. Seu gesto pioneiro lançou a semente que, anos depois, germinaria em instituição.
Coube a Ib Gatto Falcão transformar esse sonho em realidade. Médico, professor e gestor de rara competência, ele estruturou o corpo docente, organizou os primeiros cursos e articulou apoios políticos e acadêmicos fundamentais. Foi também peça-chave na criação da Universidade Federal de Alagoas e na federalização da Faculdade de Medicina, conquistada em 1960 — passo essencial para sua consolidação e expansão. Em justa homenagem, a Biblioteca Central da UFAL leva hoje seu nome, perpetuando sua dedicação e sua visão estratégica.

Outro protagonista dessa jornada foi José Lages Filho, clínico exemplar e educador admirável. Na prática médica, uniu rigor científico e profundo compromisso humano; como professor, formou gerações de médicos alagoanos, transmitindo valores éticos e sociais. Convicto de que a medicina deve dialogar com a cultura, a política e a vida comunitária, Lages ajudou a consolidar a Faculdade não apenas como um centro de excelência técnica, mas também como espaço de pensamento crítico e compromisso social.
No presente, o legado desses pioneiros é renovado pela liderança de Ângela Canuto. Sua gestão valoriza a pesquisa científica, moderniza métodos de ensino, fortalece parcerias hospitalares e defende a formação humanizada. Sob sua direção, a Faculdade reafirma sua vocação de formar médicos tecnicamente competentes e sensíveis às dimensões humanas do cuidado, mantendo-se atualizada diante dos desafios contemporâneos da medicina.
A celebração dos 75 anos de fundação da Faculdade de Medicina traz à cena a figura de João Batista Neto, guardião da memória institucional e organizador das homenagens, que ao encerrar o Jubileu assim expressou-se: “Mais do que uma celebração, o encerramento do Jubileu surgiu como uma oportunidade para reafirmar o compromisso da Faculdade de Medicina de Alagoas/Ufal, com excelência acadêmica, pesquisa relevante e assistência à comunidade. O evento evidenciou a importância de preservar e valorizar a memória institucional reforçar laços entre gerações de médicos e de desenvolver inovações que respondam às demandas de saúde pública em Alagoas.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA