É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

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DA NECESSIDADE DE TERMOS AMIGOS

05/09/2025 - 18:18
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TEXTO DE RICARDO NOGUEIRA – MÉDICO E PROF. DA UFAL

A sabedoria popular a nós nos diz: “mais vale um amigo na praça do que dinheiro na Caixa”. Aristóteles e outros expoentes da Antiguidade clássica alçavam a amizade à condição de mais virtuosa de todas as relações, considerando-a superior aos laços sanguíneos. Ter com quem trocar ideias, ouvir opiniões, acatar críticas construtivas é sumamente prazeroso. Vezes inúmeras, temos projetos, planos de vida, todavia nos falta coragem para colocá-los em prática antes de ouvir o que pensam nossos amigos, afinal todos carecemos de um respaldo do círculo mais próximo.

O isolamento social, atualmente, é tamanho no planeta, que o Reino Unido e países escandinavos criaram o Ministério da Solidão, responsável por unir as pessoas, no afã de evitar distúrbios psíquicos, que podem culminar em suicídios.

As ações de estímulo à convivência entre os cidadãos compreendem não só a realização de encontros sociais, como bailes, jogos e palestras motivacionais, mas também visam desenvolver atividades lucrativas. Todavia, o objetivo maior é fazer com que todos se sintam úteis e produtivos.

Na Alemanha, sessões há destinadas a cultivar o que os germânicos chamam de VORFREUDE, ou seja, ALEGRIA ANTECIPADA. Exemplo: planejamento conjunto das viagens. Nesses momentos, aproveitam para já fruir das maravilhas que os aguardam. Se forem para um hotel no campo, já podem sentir o cheiro do café sendo coado, como também o perfume das flores silvestres e a sensação de cavalgar nas colinas.

Caso a viagem seja para a Broadway, já se deixam invadir pela sensação de chegar ao teatro e se deparar com estupendos musicais que acordam todos os escaninhos do espírito. E depois? – Depois já pensam naquele estupendo jantar, regado a vinho e comentários edificantes.

As amizades nos possibilitam exercer a arte da conversação, um dos maiores prazeres, só proporcionados aos seres humanos. Nesses momentos nos abastecemos de informações preciosas e também transferimos o que acumulamos de relevante.

Nos instantes de convivência, sem sequer percebermos, praticamos a arte de sorrir, um movimento dos músculos da face que nos torna bem-vindos ao convívio social. Em Salvador existem outdoors que afirmam: “Sorria, você está na Bahia”. Em medicina dizemos: “Sorria, você está sendo curado”.

Sorrir, portanto, é o melhor remédio. O humor anima, energiza, e, sobretudo, descontrai quaisquer ambientes. William Shakespeare vangloriava-se de haver escrito memoráveis tragédias, enquanto Cervantes enfatizava: “escrevi apenas uma comédia: Don Quixote de La Mancha; só a comédia é divina”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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