É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

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A Festa do Livro: XI Bienal

27/10/2025 - 16:58
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Nesta Sexta-feira 31 de outubro, inicia a XI Bienal do Livro de Alagoas. Festival de livros que arrebanha uma multidão de pessoas que chega a 5.000 visitantes diários. Muitas prefeituras transportam seus jovens e crianças com um vale livro e um vale refeição. Eles despencam de toda Alagoas, do Norte e do Sul; do Leste e do Oeste, para uma viagem de deslumbramento e descoberta.

Quem lê nunca está só. “A leitura é uma forma de felicidade e a felicidade é o principal critério para um livro ser bom”, assinalou Jorge Luís Borges, o grande escritor euroargentino. Ele via os livros como uma extensão da memória e da imaginação e acreditava que a leitura é essencial para escrever, valorizando a releitura e a busca por obras que ofereçam um senso de completude e beleza, como a literatura fantástica e “sempre que Borges imaginava o Paraíso, vislumbrava estar numa espécie de livraria”.

Já foi dito, por Alberto Manguel, no livro “ Uma História da leitura”, Companhia das Letras, que “a leitura é a mais civilizada das paixões”.

Todos conhecemos à humilhação o que aconteceu a J. L. Borges, quando diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires e quase cego e um ditador do alto do seu poder exarou uma portaria nomeando-o fiscal do mercado de aves de quintal e não lhe houve outra alternativa a não ser pedir demissão e ficar sem o salário que garantia a bolacha diária. Virgínia Ocampo, aristocrata argentina e amiga, praticamente o empurrou para o abismo de fazer conferências, que terminou sendo a meca de Borges, para ganhar uns trocados e não passar fome. Revelou-se um conferencista internacional, pela inteligência, humor e sarcasmo.

Borges, considerava sete princípios sobre a leitura:

1. Felicidade e critério de qualidade: Para o famoso escritor, a leitura era uma forma de felicidade e um livro só era considerado bom se trouxesse esse sentimento ao leitor.Se um livro não o prendesse nas primeiras páginas, ele o abandonava. Portanto, ninguém precisa ler o que não gosta. Há livros para todos os gostos e desejos.

2. Extensão da memória e imaginação: Via os livros como uma extensão da nossa capacidade de guardar e de imaginar, enriquecendo nossa experiência humana;

3. Releitura – Borges considerava a releitura mais importante do que a leitura superficial, pois a releitura permite encontrar novas perspectivas em um texto, já que tanto o livro quanto o leitor se transformam com o tempo;

4. A biblioteca como paraíso: sua admiração pela leitura e pelos livros era tão grande que ele afirmava que “sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”.

5. Leitura como base da escrita: A escrita depende da leitura. Borges sustentava a assertiva de que “sem leitura não se pode escrever”.

6. Preferência pela literatura fantástica: Ele preferia a literatura fantástica e o conto à literatura realista, pois a primeira permite a criação de mundos com relações de causa e efeito perfeitas, algo que ele considerava mais interessante e “completo”.

7. Importância da experiência pessoal: Borges criticava a leitura por obrigação, incentivando a escolha pessoal e a leitura de obras que se conectam com as necessidades do momento do leitor.

“A leitura é a mais civilizada das paixões. Mesmo quando registra atos de barbarismo, sua história é uma celebração da alegria e da liberdade”.(Alberto Manguel)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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