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A enologia não é uma fraude

10/11/2020 - 14:01
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Com o título “A enologia é uma fraude?”, conhecido cronista da Folha de S. Paulo relata leitura de um colega jornalista, cozinheiro amador e sommelier de cerveja, sobre acontecido em pleno mundo dos “wall-streeters” em Nova York. Em um restaurante, ocupantes de uma mesa pedem o consagrado Baron Philippe de Rothschild de R$ 11,2 mil e são servidos com um vinho da casa. Já outra mesa, onde solicitaram o vinho da casa de apenas R$ 100, recebe o Rothschild. Servidos em decantadores, por incompetência dos garçons, foram trocados de mesa. Todos beberam o que lhes foi servido sem reclamação e só após ser notado o erro pelo restaurante, deixando de cobrar das duas partes, é que ficaram sabendo. Apesar de alguns rituais deixarem de ser seguidos nesse caso, o que evitaria tal gafe, não se pode, por isso, pensar na enologia como uma fraude. 

Mesmo com citações de possíveis dúvidas na fabricação e degustação enológica, a ciência que a ampara é baseada em estudos profundos que envolvem muitos insumos, como o conhecido “terroir”, que na vitivinicultura abrange uma gama de características próprias para sua produção: terra, clima, tempo de plantio e colheita, além da fermentação e o período de envelhecimento em vários tipos de barris de carvalhos franceses ou americanos, sem esquecer o próprio homem, enologista responsável por todo esse processo que envolve até o amor pelo vinho.
O ocorrido passa-se constantemente com pessoas que, apesar da fartura financeira, têm carência sobre o conhecimento da degustação da bebida. 

Bebem o rótulo e seu preço e, baseando-se nesse fato, o marketing aproveita-se para explorar essa esnobação da ignorância. Já citei, em outras crônicas, fatos ocorridos mundo afora e dentre eles um que espelha exatamente o inverso. 

O próprio produtor da Rothschild pediu um determinado vinho de sua vinícola e foi servido, em decantador, com outro que, apesar de ser da mesma casa não era o que pedira. Reclamando e sem ser reconhecido, o garçom justificou-se dizendo ser um vinho produzido em terras vizinhas e, portanto, quase a mesma coisa. Philippe pediu que o garçom se aproximasse e disse-lhe ao ouvido: você deve saber que em uma mulher existem duas regiões bem próximas uma da outra, mas que exalam odores totalmente diferentes. 

Como sempre, o vinho traz-nos lições interessantes, mas que nos alertam para saber conviver com esse néctar dos deuses. Sem esquecer que, não vá um socialista além de sua ideologia, nem vá o cervejeiro além da cerveja.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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