Ao mesmo tempo em que
buscava superar os efeitos do impeachment, já de volta ao governo, Muniz Falcão quis construir um sucessor (na época, não havia reeleição) para afastar uma “maldição” que pairava na política local: o governador não conseguia eleger um aliado e perdia para a oposição.
Foi assim com o governador Silvestre Péricles, sucedido pelo rival Arnon de Mello, derrotado por Muniz, que perdeu para Luiz Cavalcante e, só após um golpe dentro do golpe militar, o presidente Castelo Branco escolheu o general João José Batista Tubino como interventor, que entregou a administração ao usineiro e presidente da Assembleia Legislativa Lamenha Filho, da Arena, finalmente encerrando a “maldição”. Lamenha era aliado de Luiz Cavalcante.
Na eleição de 1960, antes de Muniz Falcão escolher Abrahão Moura como seu candidato para enfrentar Luiz Cavalcante, ventilou-se o nome do coronel Henrique Cordeiro Oest, que era secretário de Segurança. Ele chegou a ser posicionado na direção do governo ou como um provável vice. Oest era alguém próximo ao marechal Henrique Lott, que impediu um golpe de Estado e garantiu a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Naquela eleição de 1960, Lott era candidato a presidente e tinha como vice o mesmo Jango, dupla derrotada por Jânio Quadros.
Em 1956, Oest foi transferido por JK para Alagoas, assumindo o comando do 20º Batalhão de Caçadores. Anos depois, tornou-se secretário de Segurança. A esposa dele, Paula Moacir Oest, era inspetora seccional do Ensino Secundário, espécie de representante do Ministério da Educação em Alagoas. Já estava sob monitoramento dos militares golpistas, com a justificativa de espalhar ideias comunistas e, mais próxima aos alunos, instigar atos subversivos financiados por bolsas de estudo na capital e no interior.
O irmão de Oest, Lincoln Cordeiro, era membro do Partido Comunista e participou da guerrilha do Araguaia. Sem ter sido o escolhido para suceder Muniz, Henrique Oest disputou as eleições por Alagoas e ficou como segundo suplente de deputado federal. Chegou a assumir a titularidade como parlamentar federal entre agosto e outubro de 1963, quando pediu reforma e foi promovido a general de divisão.
Em 10 de abril de 1964, poucos dias após o golpe, teve o nome incluído na lista do Ato Institucional nº 1, sendo logo depois cassado pelo Ato Institucional nº 2. Exilou-se no Uruguai até 1968, quando voltou ao Brasil. Morreu em 1982.
FONTES:
Livro Alagoas: Ditadura, Subversivos, Heranças — Autor: Odilon Rios
Atos do Comando Supremo da Revolução — Ato nº 2 — Cassa Mandatos Legislativos
Verbete Henrique Cordeiro: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-repu0blica/OEST,%20Henrique%20Cordeiro.pdf
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