colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Se o Brasil é para profissionais, Alagoas é o que?

10/11/2024 - 09:05

ACESSIBILIDADE


A ONG Transparência internacional divulgou recentemente o ranking da corrução medida em 180 países do nosso planeta. O Brasil, a oitava maior economia do mundo ficou situado no terço inferior da classificação (36 pontos) ocupando o desonroso 104º lugar, e ainda mais preocupante caindo aceleradamente 10 pontos em relação a 2023. Perdemos para países como Zâmbia, Etiópia, Sérvia, Bielorrússia, Gâmbia e tantos outros do mesmo naipe... Uma vergonha!

No campo do judiciário, o quadro é ainda pior: O Brasil é recordista mundial em relação aos gastos com os seus ínclitos tribunais! Além de ocupar a mais que desonrosa 81ª posição entre 140 países do ranking da WJP, World Justice Project, a principal fonte do setor...

E o que dizer do Legislativo brasileiro? Bom, segue o mesmo diapasão do judiciário. É o segundo mais caro do mundo, segundo dados da União Interparlamentar (isso antes da atual farra das emendas) de 2018. Em termos de liberdade e democracia, nosso país é o 51º num ranking de 167 países, sedo considerado segundo o índice Democracy Index 2023, uma democracia imperfeita.

Se trouxermos o ranking para o estado de Alagoas, aí é que o vexame é grande: o judiciário alagoano é considerado o pior do Brasil segundo o ranking de eficiência judicial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2023. Enquanto que o legislativo ocupa a vexaminosa posição de 20º lugar dentre os 27 estados da Nação.

Enquanto em nosso estado, a qualidade de vida é considerada a pior do Brasil, segundo levantamento inédito realizado pelo ‘Brasil em Mapas’ em 2023. Somos também o sétimo pior estado para se conseguir emprego, segundo o IBGE (2024) e, Maceió ocupa o vexaminoso 5.115º lugar dentre 5.276 municípios brasileiros elencados no Ranking de Eficiência dos Municípios (REM-F).

É definitivamente não está sendo fácil ser brasileiro. Viver no Brasil e morar em Alagoas. Em nosso estado, os números acima são apenas a ponta do iceberg composto por outros itens como extrema violência urbana e humana, tráfico de drogas e controle das máfias de grande parte das cidades, infiltração de bandidos na política, renda per capita mínima e segue...

Como se isso fosse pouco, a eles se juntam as aberrações praticadas pela Braskem não apenas com os 140 mil afetados que ela e a mídia local teima em falar em 60 mil pessoas, mas como toda a população de Maceió afetada de forma direta pelo mega desastre que ela provocou. Acoloiada inexplicavelmente por autoridades nos mais diversos níveis que se colocam contra os afetados, os maceioenses e os alagoanos, numa atitude de subserviência e vassalagem vergonhosa, a empresa deita e rola num desmoralizante minueto de ajambramentos e acoitamentos dançado com esses maus alagoanos, sabe-se lá em troca de quê.

Mas isso não significa que a empresa que manda e desmanda no estado controla a todos. O seu cerco, o seu sitiamento a Maceió por terra, água e ar não impediu e não irá impedir que pessoas como os autores do livro “Rasgando a Cortina de Silêncios”, se calem ou se acovardem como as autoridades locais anômicas e prevaricantes. 

Existe sim, um exército de cidadãos do bem nesta cidade que não aceitam a espada de Dâmocles que a Braskem impôs aos alagoanos e, somados aos 140 mil afetados - verdadeiros refugiados ambientais em sua própria terra - resistem. Não vão deixar barato o que a multinacional vem impondo contra a vontade da maioria silenciosa, A resposta virá no dia a dia de resistências e no alumiamento daqueles que caíram no canto de cisne da multinacional.

A socióloga Margareth Mead já dizia que “nunca duvide que poucos cidadãos comprometidos com seus semelhantes podem mudar o mundo”. Terça feira, dia 12/11/24, estaremos exercitando junto com aqueles que não compactuam com essa sacanagem que a Braskem promove com nossa cidade e seus cidadãos, lançando a segunda edição ( a primeira edição se esgotou rapidamente) revista e ampliada (indo até à famigerada CPI da Braskem, aquela que foi sem nunca ter sido) do Rasgando a Cortina de Silêncios, o lado B da exploração do sal-gema de Maceió. Tem muitas novidades, denúncias e críticas. Mas propostas também. Será na Livraria Leitura do parque shopping às 19,30.

Será um encontro daqueles que discordam do encaminhamento que foi e vem sendo dado à resolução do Caso Braskem em Alagoas. Um passivo atualizado de 15 bilhões de reais que a empresa tenta de todas as formas escamotear.

Até lá!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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