colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Sonho ou realidade ?

07/08/2023 - 15:26

ACESSIBILIDADE


Desde que perdi meu filho João passei a pensar de maneira diferente. Sonho, de vez em quando, com ele. Fora da realidade, conversamos bastante. Quero saber onde ele está, como vai indo por lá. Não encontro respostas.

Acordo, muitas vezes, com alguém batendo no meu pé e tenho a impressão de que o vejo olhando para mim e rindo. "Calma, mãe, aguente o barco".

Recentemente, meu neto, filho do João, passou vários dias comigo, preparando-se para sair do Brasil. Eu, em minhas preces, pedia a Deus que me ajudasse a fazer com que ele e a família se sentissem bem em nossa casa. E conversava com meu filho: Preciso de sua ajuda para que seu filho atravesse bem essa fase difícil. E consegui. Choramos na despedida.

Por outro lado, soube que dentre meus parentes havia dois que estavam bem doentes. Com um deles, meu sobrinho, converso diariamente e alivio sua dor com palavras de carinho. Com outro, que está bem longe de mim, rezo por ele. Sei que este segundo é um bom homem, não merece tanto sofrimento, pois apesar de não ser religioso, não pratica o mal. Merece ser feliz.

Semana passada, acordei assustada, com um solavanco no pé e uma mulher negra se aproximou de mim, entregando-me um bebê negro. Rezei um Pai Nosso e uma Ave Maria, procurando entender o fato ocorrido.
Insistentemente, acordo e vejo um casal no meu quarto. Demora um pouco e some. Dia seguinte, falo com dois parentes espíritas e ouço um conselho: Reze por eles!

Meu pai morreu em1979 e sonho sempre com ele, rindo, conversando, dando conselhos. É como se dissesse: "Calma filha, Na vida tudo passa. Amanse seu coração". Mas, para mim é difícil aguentar certas pancadas.

Sonho pouco com minha mãe. O interessante é que ela era uma mulher forte, mas quase infantil. As filhas eram meio mãe para ela.

Sou casada com um homem católico fervoroso. Por conta disso, vou à missa aos domingos, procurando interpretar as leituras e trazê-las para a vida real. Entretanto, ainda tenho muitas dúvidas quanto à religião que sigo. Daí porque sou tão inquieta e custo a aceitar determinados fatos.

Creio que recebo alguns avisos em sonho e não sei interpretá-los. Tento perdoar determinadas pessoas, rezo, choro e nem sempre consigo. Fico irritada quando vejo um amigo ou parente lutando com doenças graves. Por que ele ou ela são escolhidos para sofrer tanto?

Uma pessoa muito querida, no passado, foi para a UTI. Quando de lá saiu, fragilizada, fui vê-la e eu tinha acabado de sofrer um acidente. Choramos juntas e ela me disse: "Não gostei da Unidade de Tratamento Intensivo. Muito frio, atendimento ruim, pessoas grosseiras. Sou católica praticante, rezo muito e já pedi a Deus: quero morrer em casa". Um belo dia, foi dormir e não acordou mais. Um verdadeiro milagre!

Muitas vezes, acho que preciso de algo e rogo a Deus por ajuda. Nada acontece! Fico zangada e tempos depois chego à conclusão de que estava errada. Minha cabeça ferve que só para entender. Ele, o Senhor, sabe o que é certo ou errado.

Tenho dificuldade em aceitar certas decepções da vida e não entendo por que alguns entes queridos não me dão apoio em certas ocasiões. A minha política é a seguinte: se um amigo ou parente estiver numa situação difícil, eu o apoio. Só a ele digo, depois, que estava errado. Não "dou um tempo" e me afasto. Fico perto dele.

E lá vou eu brigando comigo mesma, sem saber se é verdade ou não o momento difícil porque passo. Mas de uma coisa tenho certeza: amigo é amigo sempre. Na doença e na alegria. Nos momentos difíceis, sempre por perto.

Continuo sonhando, continuo vendo pessoas, recebendo conselhos. Irrita-me o amigo que vem dar carões na "Velha Senhora". Acredito em Deus, acredito na vida, acredito nos verdadeiros amigos.
Vivo entre o sonho e a realidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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