colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O Brasil de hoje o de ontem

06/04/2025 - 06:00
Atualização: 07/04/2025 - 19:37
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Lembro-me da minha infância nos anos quarenta e cinquenta. Tínhamos bom ensino público, boa assistência médica, andávamos na rua sem medo de assalto. Os políticos eram sérios, idealistas, pensavam num Brasil melhor.

Ainda criança, via meu pai falar em Getúlio Vargas. Gaúcho compenetrado que pensava no povo. Criou as leis trabalhistas, vários projetos sociais e morreu envergonhado, por ter sido traído por supostos amigos bem próximos.

Alunos do Grupo Escolar, íamos com a professora tomar vacina na “Saúde Pública”. Tínhamos aula de religião e prestávamos provas semestrais a uma equipe seleta da Secretaria de Educação. Para passarmos ao nível médio, precisávamos fazer o exame de admissão. Tudo muito sério e bem fiscalizado.

Se no fim do ano não conseguíssemos a média exigida, nem fazíamos a prova final. Naquele tempo a escola pública era melhor do que a particular. Algumas alunas vinham para o Instituto de Educação e não acompanhavam o ensino. Voltavam para os colégios particulares.

Quando em 31 de março de 1964 os militares deram um golpe, retirando da Presidência da República o presidente João Goulart, foi instituída a ditadura militar que vigorou até 1985, longo período em que...

Terminado o segundo grau, hoje chamado de ensino médio, moças e rapazes podiam prestar concurso público, entrar no mercado de trabalho ou mesmo fazer vestibular para uma faculdade, pois a educação era muito boa.

Os namoros na juventude não eram tão livres quanto atualmente. Claro que havia casais mais avançados e de vez em quando uma quase menina engravidava do namorado. Era um caso que chamava a atenção da sociedade.

Hoje, começa tudo pelo fim. Jovens inexperientes já dormem com seus namorados. De repente, acabam o namoro, encontram um outro amor e começa tudo de novo. Quando casam, já viveram várias experiências e o gosto pela vida a dois não é novidade.

Moro numa cidade pequena e vejo meninas de doze, treze anos, com um filho nos braços. Deixam de estudar e vão trabalhar para criar o filho ou a filha. Fica tudo mais complicado.

Se formos falar em política é outro susto. Na maioria dos casos, o candidato ingressa nela para ficar rico. Tudo é muito fácil. Criam métodos para enriquecer. Os mais usados são as célebres emendas. O dinheiro público vem do governo federal em grandes somas. Em 2024 foram repassados ao Congresso Nacional bilhões de reais para serem investidos em obras sociais e fundações criadas pelos parlamentares. Se as emendas não forem repassadas, o Congresso não aprova as matérias de interesse do Executivo.

Outros mecanismos que geram altos valores para deputados e senadores são as “rachadinhas”, denunciadas pelo país inteiro, e as benesses: vale-paletó, passagens aéreas, verbas de gabinete, planos de saúde e outras invenções. No fim, fica difícil imaginar quanto ganha por mês um deputado federal ou estadual.

A briga de esquerda com a direita é grande demais. O que uma faz, a outra apaga. Quem sai do governo pode ir preso e quase sempre taxado de ladrão.

A Justiça, que no meu tempo de criança era respeitada, hoje virou política. Vemos magistrados de direita e de esquerda. Atualmente, há um ministro do Supremo Tribunal Federal que pode tudo. Ninguém, nem os colegas, têm coragem de enfrentá-lo. É a maior autoridade do Brasil na atual conjuntura. Gostaria de conhecê-lo para ver de onde vem tanta força.

Na Saúde, estamos sofrendo muito. Os planos são caros e exigentes demais. O SUS é difícil de alcançar. Há pessoas dentro dos hospitais que cobram para marcar uma consulta ou um exame. Os pacientes graves só são atendidos se tiverem padrinhos, ou então morrem.

E na Segurança? Uma idosa de oitenta mais não pode andar só pelas ruas. Corre o risco de ser assaltada e morta. Os noticiários de TV só transmitem notícias de crimes, assaltos, estupros. O shopping center ainda é o local onde a segurança é um pouco melhor.

Falar em respeito pelos idosos virou piada. Agora, até os netos exploram os velhinhos. Era uma vez o respeito!

Chegamos à triste conclusão que tudo piorou no nosso querido Brasil. Pensar em solução é difícil, pois o problema é de conjuntura adoecida.

Até o presidente não respeita as donas de casa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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