colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Um nordestino no congresso nacional

14/08/2023 - 14:57

ACESSIBILIDADE


A política no Brasil virou programa de comédia na TV. Não existe respeito por autoridades civis ou militares. Nas grandes redes de televisão comentários são cômicos e desrespeitosos. A direita e a esquerda vivem se digladiando. Até os ministros do Supremo Tribunal Federal são ridicularizados.

Dos críticos que aparecem em ambos os lados, poucos se salvam. Diria que um dos poucos jornalistas sérios é o Fernando Gabeira. Homem de esquerda, do alto dos seus oitenta anos faz uma análise coerente dos fatos, tem humor fino e não desrespeita ninguém. Os outros, em sua grande maioria de esquerda, tomaram por vítima o Bolsonaro e os militares. É uma falta de respeito total, falando inclusive, de problemas familiares.

Por incrível que pareça, alguns já começaram a criticar o Lula e a Janja. Nem parece mais o que se fazia em rádio, jornal e TV em anos passados. Acreditávamos nos jornalistas, independente de sua posição política. Havia estudo e análise dos fatos ocorridos, o que era bom ou ruim para o Brasil.

Em determinado momento, num programa de uma grande rede de TV, todos riam, zombando de certas autoridades, levando-as ao ridículo extremo. Nem sabem eles que são humanos, erram e acertam, bajulam a esquerda e estão perdendo a credibilidade. Será que só a direita não presta?

No momento atual, os grandes vilões são o Centrão e o presidente da Câmara Federal. Homem que veio de Alagoas, filho de um político que foi “bedel” de um colégio na periferia e chegou ao Senado da República. Seguiu o caminho do pai e hoje é uma das maiores autoridades da República.

Eu o conheci adolescente, pois minha filha foi colega de sua irmã. Depois, trabalhei com ele, já primeiro-secretário da Assembleia Legislativa e eu presidente do Sindicato dos Servidores da Casa. Inquieto, de difícil acesso, mas de boa índole. Tivemos alguns desajustes, mas nada de sério, que não pudesse ser resolvido para o bem dos companheiros.

Vejo o moço na imprensa como um político muito importante e a mídia fazendo gozação com ele, porque pertence ao Centrão. Esquecem os jornalistas do Sul do caminho que vem percorrendo. De simples vereador, deputado estadual, primeiro-secretário da Mesa Diretora e deputado federal, foi eleito presidente da Câmara. Negocia com centenas de parlamentares e com o governo federal, aprovando matérias de interesse nacional e vai crescendo.

Só nós, deste Nordeste querido, sabemos do sofrimento com os jornalistas do Sul e Sudeste. Começa pelo sotaque: transmissão de jogos de futebol no rádio e na TV. Piadas maldosas com os times nordestinos, ou mesmo nas lojas onde vamos comprar. No mínimo, um riso de crítica. Imagine um parlamentar da terra chegar a tão importante posto!

No dia da posse do Zanin no Supremo Tribunal Federal, lá estava o alagoano sentado ao lado do Lula. E um jornalista rindo, dizia: “Veja quem está ao lado do presidente”? Esqueceu que o Lula é nordestino de Caetés, pertinho de Alagoas.

Foi o moço entrevistado numa TV em Maceió nesta semana. Sabido demais, disse o que está fazendo, falou dos amigos, lembrou-se do povo pobre. Só não disse que conseguiu dividir o reinado dos Renans. Hoje, em Alagoas, há dois grandes grupos políticos: o dele e o dos Renans.

Os leitores devem estar surpresos com tudo o que digo a respeito do presidente da Câmara Federal. Será ele tão bom assim? Claro que não! É um político perspicaz, não é pontual, é meio gaiato, mas é um terrível inimigo. Conto sempre a história da aposentadoria de uma servidora que passei dois anos buscando sua assinatura.

Como todo ser humano tem erros e acertos, mas consegue sempre ganhar determinadas batalhas. Tem opositores poderosos, mas está chegando à altura deles.

Se resistir aos falsos amigos que encontrou em Brasília, se conseguir aprovar grandes projetos, se resistir à implicância da mídia e a do Partido dos Trabalhadores, poderá chegar ao Senado em 2026.

A próxima briga em Alagoas será pela Prefeitura de Maceió. Apoia o atual prefeito, que é corajoso e faz um bom governo. Não será tão difícil. Enfim, torço por um alagoano como presidente da Câmara Federal por duas vezes.

Que venham Sul e Sudeste! Viva o Nordeste!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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