colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Viva o SUS

18/09/2023 - 15:13

ACESSIBILIDADE


Tive uma grande surpresa ao ser atendida pelo Sistema Único de Saúde no PAM Salgadinho. Profissionais competentes, auxiliados por atendentes gentis, utilizando material de boa qualidade.

Também no Posto de Saúde de Paripueira eu e meu marido tomamos todas as vacinas preventivas de covid e gripe. Para minha surpresa, recebemos em casa uma equipe da Secretaria de Saúde Municipal que está cadastrando os idosos. Disse-me a técnica: “Se a senhora ou seu marido passarem mal, liguem para esse número e o médico virá em sua casa; conserve seu cartão do SUS num lugar certo”.

Em compensação, tenho duas amigas com doenças graves, portadoras de planos de saúde caros e esperam vários dias pela autorização do plano para fazer qualquer exame. Imaginem vocês um paciente com câncer, precisando fazer quimio ou radioterapia, ter que esperar um bom tempo pela autorização do plano de saúde para recomeçar o tratamento. Vai morrer antes do tempo.

Recentemente precisei fazer vários exames caros, preliminares de uma cirurgia. A primeira resposta que recebi: “Seu plano está fora do convênio”. Tive que pagar para fazer exames. E se eu não pudesse pagar?
Tenho 82 anos e pago caro para ter uma boa assistência médica. Na hora em que preciso de consulta ou exame, tenho que ficar numa fila para receber a guia. Há algum tempo, bastava levar o cartãozinho e era atendido. Agora, é necessário ir à sede do convênio, entregar o pedido do médico e esperar a autorização.

Acompanho o sofrimento dos servidores do Poder Legislativo. Pagam um preço alto para terem assistência médica. Alguns já passaram para a categoria de enfermaria simples e se vão fazer um exame mais delicado, precisam esperar pela autorização do seu plano de saúde. Nossa comunidade é velha, acho que poucos colegas têm menos de cinquenta anos. Aí vêm os reajustes: a partir dos cinquenta pagam tanto, com sessenta pagam tanto mais e lá vai aumentando até morrer!

O Nordeste é esquecido! Não ouço falar de fiscalização na área da saúde. Vou dar um exemplo bem específico: o Ministro da Defesa é pernambucano. Nunca ouvi falar numa visita sua ao plano de saúde do Exército em um dos estados nordestinos. Duvido que ele saiba como anda capengando o plano de saúde dos militares.

Na Assembleia, vejo a luta de Eduardo Fernandes, colega que administra nossa assistência médica. Quando chegam os aumentos, a choradeira é completa. Alguns têm que ficar de fora do plano, pois o salário não cresce na mesma proporção da do plano. Brevemente, todos irão para o SUS!

Tenho ligeira impressão que essa história de plano de saúde vai acabar. Tínhamos a Copamedh, fundada por um grupo de companheiros. Foi enterrada viva, porque a receita ficou pequena e a despesa cresceu demais. Chorei no dia em que soube que ela iria desaparecer. Passamos para uma entidade privada e, pelo que estou vendo, não vamos aguentar com tanto aumento.

A classe média sempre foi sofredora. O Guedes, ministro do Bolsonaro, acabou de matar os servidores públicos. Mudou as regras de aposentadoria, das pensões civis e militares. Resultado: ficamos mais pobres ainda.

Ele, o Guedes, é muito rico, não imagina como sofre o servidor público e foi cruel conosco. Se o salário cresce abaixo da inflação e o plano de saúde cresce acima dela, como pode um assalariado pagar sua assistência médica?

Só nos resta lutar para que o Sistema Único de Saúde cresça e fique bem melhor, dando condições ao homem pobre ou de classe média ser atendido por ele.

As autoridades civis e militares precisam estudar métodos de melhorar seus planos de saúde. É só colocar a cabeça para funcionar e tentar num só dia do ano, ser da classe média ou pobre.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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