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O valor da ética na vida

31/05/2023 - 15:10

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Deveria ter escrito esta crônica há duas semanas, no entanto, a vela que me dá vivacidade à vida sofreu, talvez, uma lufada de vento mais forte, necessitando eu internar-me no Hospital do Coração, onde ainda me encontro. Não podia, no entanto, adiar por mais tempo este escrito.

A palavra ETHOS é grega, e significa, em resumo, comportamento do indivíduo na sua vida em determinada sociedade. Faz parte, então, da Filosofia Moral, cuja discussão não é comportável em crônica tão singela. De qualquer sorte, cada ser tem o seu comportamento, conforme ou contra a sociabilidade. Enfim, cada qual tem sua ética, ou respeita a ética segundo as estritas regras do reto viver em sociedade. Ou não a respeita, tornando-se o que se qualifica de aético. Os exemplos humanos de aeticismo são muitos, seja na política, ou na vida ela mesma, em qualquer dos seus momentos. Há, porém, pessoas cuja retidão de caráter, de vida social em todas as suas nuanças, fazem-nos admirá-las irrestritamente. Milton Hênio Gouveia é um desses seres de excepcionalidade virtuosa.

Conheço-o desde os meus tempos de estudante colegial, ele recém-formado em Medicina, o seu sacerdócio. Não lembro exatamente como e quando ele esteve no colégio onde eu estudava, quando o diretor do colégio apresentou-nos, a nós os alunos, aquele novel filho de Esculápio. Sessenta anos passados, jamais encontrei palavras de restrições a sua pessoa, sendo médico de crianças de quaisquer raças, cores, situações sociais. Não importa o estamento social, ele esteve nesses anos cuidando da chama viva dos pequenos recém-chegados a este mundo nem sempre acolhedor. Digo isso em homenagem que faço, a ele que foi médico de filhos e filhas minhas, e por último de minha neta, hoje pré-adolescendo.

Tenho um leque de relacionamento grande, nele se incluindo tantas pessoas que já perco a conta. Alguns bons amigos hoje, outros nem tanto, outros desconhecidos, incógnitos. Há aqueles que já me consumiram a confiança, e sempre que neles penso, vêm-me à mente o apólogo machadiano da agulha e da linha. E penso que, conforme o nosso maior escritor, o Machado de Assis, já servi de agulha para muita linha ruim. 

Quando lembro de Milton Hênio, no entanto, o meu sentimento é absurdamente diferente. Homem reto, humano e humanizado, fautor do bem a todos, não lhe vejo mácula. Deve ter alguma, pois todos somos falíveis em nossa condição humana, mas se lhe há alguma nódoa a tisnar sua bondade, essa é tão irrelevante que o seu todo humano permanece intocavelmente ético.

Felicidades, Milton Hênio. Que esses seus sessenta anos de vida profissional se prolonguem por mais um tanto, segundo a graça de Deus!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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