colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Quem deveria defender Maceió se aliou a quem a destruiu

17/12/2023 - 06:00

ACESSIBILIDADE

Secom Maceió
O prefeito JHC durante coletiva à imprensa sobre o rompimento da mina 18
O prefeito JHC durante coletiva à imprensa sobre o rompimento da mina 18

Quase 100%

Há três meses, a prefeitura de Maceió assinou o acordo-traição à Maceió e, para dizer o mínimo que a cidade vem falando do prefeito, o atestado da sua (des)importância com a nossa capital e seu povo. Imperdoável. Quem deveria defender a cidade se aliou a quem a destruiu.

O acordo Braskem–Prefeitura, é mais uma das ignomínias que a empresa patrocina por aqui. Saído dos desvãos fétidos e cinzentos dos porões, a arapuca regurgitada contra Maceió e sua gente é um primor de deslealdade, desrespeito e sentimento de impunidade que bem demonstrou o nanismo moral dos signatários dos acordantes.

Vejam aqui algumas “pérolas” do que o prefeito, em nome da cidade, e sem que por ela fosse autorizada, entregou para a Braskem:

  • 1) Concordou em receber 1 bilhão de reais (quando se sabe que aquele valor deveria ser no mínimo 8,5 vezes maior) e assentiu sem dar um pio que 700 milhões de reais daquela grana fosse apropriado pela Braskem sob a desculpa (pasmem!) de que já gastou aquele valor para consertar parte da cidade (que ninguém viu, diga-se de passagem). Uma total inversão da lógica natural das coisas. Uma excrescência que beira o surreal! Aí tem! O que está faltando para o ministério público estadual investigar essa patifaria?
  • 2) No fatídico acordo, o prefeito de Maceió ainda concordou formalmente em “doar” (sic!) parte significativa de nossa cidade (ruas, avenidas, praças, logradouros) à Braskem que de destruidora, ganhou de presente a área urbana de Maceió que ela fez virar pó... Nem na época da ditadura viu-se tamanho descalabro!
  • 3) Achando pouco o ato de lesa-Maceió, a prefeitura ainda formalizou a sua adesão ao inconstitucional acordo celebrado entre a Braskem e o MPF (que precisa ser passado a limpo!) onde a empresa assume responsabilidades de Estado, justamente as atribuições da prefeitura. Ou seja, prevaricou ao abdicar do que é um direito exclusivo da prefeitura para se tornar caudatária da empresa que destruiu a nossa cidade. Pense!!!
  • 4) O acordo-traição da prefeitura com a Braskem cometeu outro ato de lesa-cidadania ao deixar de fora do mesmo, todos os 148.400 afetados. O prefeito, eleito com o voto deles sob a promessa de que estaria na linha de frente contra a Braskem, “esqueceu” o sofrimento, a angústia e a dor de quase 150 mil pessoas em troca dos “30 dinheiros do judas”. Diga-se que quase 70% dessas pessoas são ou pobres, ou muito pobres. Uma perversidade com quem ajudou a ele se eleger!

E sabe o que ele disse sobre isso ao presidente da república na reunião que ocorreu esta semana? Que nunca tinha assinado o tal acordo! Mentiu na cara dura ao presidente da República, um atrevimento ímpar!

Desde a “descoberta” da mídia nacional do mega desastre que a Braskem causou em Maceió que a imagem do prefeito se esfarela. Sua estratégia (e de outras autoridades até então do “lado de lá” dos interesses de Maceió e dos afetados) de se metamorfosear em “arauto da defesa de Maceió” em definitivo não colou.

Tracking realizado pela empresa de pesquisa IBRAPE entre 6 a 13 deste mês reflete isso: 86% dos maceioenses discordam do acordo celebrado pelo prefeito com a Braskem; b) 87% discordam da “doação” de Maceió à Braskem pelo prefeito e, c) 91% acham que a prefeitura tinha que ter retirado as pessoas antes do surgimento do problema da Mina 18...

Tem mais, muito mais. Mas isso é assunto para a CPI.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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