Caso Braskem: uma semana sórdida
Desde o megadesastre provocado pela Braskem em Maceió, deixando na cidade um rastro de destruição, de graves desarranjos estruturais por toda a capital e em oito das cidades da região metropolitana de nossa urbe, além de afetar de forma direta cerca de 140 mil pessoas, ela tenta confundir o mercado e as pessoas informando que o total de vítimas é de 55 mil pessoas.
Ainda pior: ao afirmar que já pagou 99,9% deles. Estes, na verdade, foram esbulhados uma vez que a Braskem adquiriu irregularmente seus patrimônios, quando o legal deveria ter sido indenizar as vítimas por suas perdas. Resultado: Braskem hoje é dona irregular de 4 e meio bairros importantes da cidade! E as autoridades fazendo cara de paisagem. Pense!
Tudo foi feito nas barbas do Judiciário sem que a operação irregular fosse sustada. Além, claro, de que, sem um pio – muito ao contrário – pelas autoridades do município e do Governo de Alagoas (a informação é que o governo do Estado de Alagoas recentemente também embarcou na mesma canoa da prefeitura... Estamos checando).
As autoridades assumiram clara e submissa posição de anomia prevaricante, trocando os interesses de Maceió e Alagoas por aviltante “merreca” recebida em troca da destruição da cidade e dos prejuízos auferidos pelo Estado. E pior: de forma torpe, covarde e subterrânea altamente suspeita deixaram as maiores vítimas da chacina geológica – os 140 mil afetados – fora das “negociações”. Seria o temor de que poderiam ficar expostos?
Nunca é pouco frisar: se trata do maior crime ambiental do planeta perpetrado por uma indústria química em área urbana de uma capital de estado, cujo desfecho após quase sete anos ainda está muito, muito longe de uma solução, contrariamente ao que ela argumenta e cavilosamente divulga, que mantém em aberto também os significativos problemas estruturais que ela provocou em todo o território de Maceió.
O padrão traição de operações desse tipo evidencia que o que as autoridades envolvidas no caso fazem é tudo menos respeitar os direitos das 140 mil vítimas afetadas pelo crime da Braskem. Isso em troca de beneficiar uma multinacional que representa menos de 5% do PIB do estado! Será por que?
Tivemos informações e estamos apurando os detalhes possíveis – uma vez que o “modus operandi”, ao que tudo sinaliza, foi o mesmo realizado pela Braskem com a prefeitura, ou seja, zero transparência, ao arrepio das leis, e na cara do Judiciário – que o Governo de Alagoas está fechando (se é que já não foi feito isso, dada a escuridão de informações) acordo aviltante com a Braskem em termos dos valores efetivamente devidos e que deixou de fora as vítimas que sequer foram informados dessa atitude.
Vamos a fundo para dar ao leitor o mesmo panorama real dado à “negociação” Prefeitura-Braskem de novembro de 2023. Inclusive bastidores das tratativas (agora frustradas) realizadas lá atrás com as vítimas que – mais uma vez – foram enganadas. Com os nomes de toda a boiada.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA