Braskem na COP 30: o crime se veste de verde
Daqui a 7 dias começa o espetáculo global da COP30 — o maior palco do mundo para corporações poluidoras se fantasiarem de defensoras do meio ambiente. Lá estarão, com pompa e marketing milionário, as maiores responsáveis pela destruição ambiental do planeta. E adivinha quem estará no centro das atenções? Ela mesma: Braskem.
A mesma Braskem que, com sua mineração irresponsável, destruiu literalmente 20% dos bairros de Maceió. A mesma que carrega um passivo bilionário — mais de R$ 20 bilhões — e segue caloteando milhares de credores alagoanos. A mesma que, até hoje, não foi responsabilizada por nenhuma autoridade deste país. Silêncio cúmplice. Impunidade institucionalizada.
QUEM PAGA A CONTA DA FARSA?
Muito se fala sobre metas climáticas, compromissos com o futuro e a tal “transição verde”. Mas pouco — quase nada — se diz sobre quem banca a COP30. Spoiler: são as mesmas empresas que mais poluem o planeta.
O evento é sustentado por um tripé de gigantes do setor petroquímico, energético e extrativista. Empresas que, enquanto patrocinam painéis sobre sustentabilidade, seguem lucrando com a destruição ambiental em escala industrial. A COP30 virou vitrine para greenwashing de luxo — um desfile de logotipos em nome de uma “sustentabilidade” que só existe no marketing.
É um teatro bilionário para gerar publicidade positiva, limpar a imagem de corporações tóxicas e garantir que tudo continue como está. Uma traição às verdadeiras causas ambientais. Um desserviço à justiça climática.
O MURO LOCAL DE SILÊNCIO DAS AUTORIDADES
Enquanto o mundo se reúne para discutir o futuro do planeta, o passado recente de Maceió segue ignorado por autoridades e negociado nos bastidores. Estamos a caminho de 8 anos do maior crime socioambiental urbano do país — e tudo continua em aberto. Nenhuma resposta. Nenhuma responsabilização. Nenhuma reparação digna.
Neste sábado, 1º, o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou uma nota contundente cobrando respostas das autoridades. A lista de citados foi elaborada pelo próprio MUVB e expõe, com precisão, o tamanho da omissão institucional diante do desastre.
Em Alagoas:
- Poder Executivo: Governador Paulo Dantas e Prefeito JHC
- Poder Legislativo: Todos os senadores e deputados federais e estaduais
- Poder Judiciário: MPF-AL, MPE/AL, TCE
- Órgãos estatais: Defesa Civil Municipal, SEMARH, UFAL, IMA/AL
No Governo Federal:
- Presidente da República
- Ministérios dos Direitos Humanos, Minas e Energia, AGU
- Agência Nacional de Mineração, Defesa Civil Nacional
- TCU, CGU, DPU, CNJ, CNMP, Polícia Federal
- Serviço Geológico do Brasil
Exceção honrosa: a Defensoria Pública Estadual, representada pelo Dr. Ricardo Melro — única entidade que tem lutado de fato pela solução desse mega problema.
O silêncio institucional diante de um alerta científico dessa magnitude é mais do que negligência: é expressão de um Racismo Ambiental que marginaliza populações pobres e periféricas, negando-lhes o direito à vida, à moradia, à reparação e à dignidade.
NEGÓCIOS ÀS ESCURAS: IG4 E A BRASKEM À VENDA
Enquanto mais de 120 mil vítimas seguem sem reparação, os bastidores da venda da Braskem avançam em ritmo acelerado. Petrobrás, Novonor e os bancos envolvidos continuam negociando como se o desastre de Maceió fosse um detalhe irrelevante — ou pior, inexistente.
A consultoria IG4, que representa os interesses dos bancos na transação, foi procurada para dialogar a partir de uma proposta ganha-ganha construída localmente, com base nas necessidades reais da população atingida. A resposta? Nenhuma. Silêncio absoluto. Desprezo institucional.
O futuro de milhares de famílias em Maceió segue soterrado sob o silêncio institucional e a lama da impunidade. O caso Braskem, o maior crime socioambiental urbano do Brasil, é tratado como um detalhe incômodo por aqueles que deveriam garantir justiça. Voltaremos a esse tema.
A SAÍDA SORRATEIRA SOB O ESCUDO DA IMPUNIDADE
A Braskem está deixando Maceió. A empresa não pode sair de Maceió como entrou — impune, blindada e lucrando. Até quando o escudo político, jurídico e financeiro que a protege permanecerá intacto e contra os alagoanos?
A troco de quê? De quanto?
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA



