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Odilon Rios

Jornalista, editor do portal Repórter Nordeste e escritor. Autor de 4 livros, mais recente é Bode Pendurado no Sino & Outras Crônicas (2023)

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O ABC das Alagoas

07/10/2023 - 06:00
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Francisco Reynaldo Amorim de Barros
Francisco Reynaldo Amorim de Barros

Uma obra de arte não precisa ter uma história especial, repleta de mitos ou um nascimento pomposo para chamar a atenção. Algumas destas obras simplesmente existem em sua pureza. Francisco Reynaldo Amorim de Barros estava aposentado quando decidiu compilar verbetes para criar um dicionário sobre Alagoas. Assim, nasceu o ABC das Alagoas.

Apesar de seu nascimento simples, o ABC logo exibiu as características de uma obra monumental. Hoje, é um dicionário bibliográfico, histórico e geográfico frequentemente citado em trabalhos acadêmicos relacionados a Alagoas, e mesmo além. Há menções ao ABC na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, USP, UFPE, Durham University (Grã-Bretanha) e em todas as universidades e faculdades de Alagoas.

O ABC foi fruto de uma iniciativa pessoal de Francisco Reynaldo, único paulista em uma família de alagoanos que costumava passar as férias no interior do estado. Em 1943, após um acidente com um burro em Viçosa onde quebrou o braço, foi para São Paulo buscar tratamento e acabou se estabelecendo lá, deixando Alagoas em seu passado.

Quando se aposentou do Senado, questionou-se sobre o que faria a seguir. Assim começou a concepção do ABC. Seguiu-se a primeira edição e depois a segunda (editada pelo Senado) em três volumes, incorporando mais verbetes, expandindo referências a autores e livros publicados pela EDUFAL, a editora da UFAL. E finalmente veio a terceira edição, nunca definitiva, pois com a era digital, o ABC adaptou-se, contendo agora 12.568 verbetes e 6.904 atualizações.

O ABC abrange diversos tópicos: desde os mais conhecidos até os menos discutidos, a construção da religiosidade do povo, personalidades como Vicente Ferreira de Paula, e aspectos sociais e históricos. Ele retrata tanto o passado quanto o presente. Como qualquer obra enciclopédica, o ABC procura se adaptar às demandas da sociedade da informação. Não é uma tarefa simples. No entanto, a pesquisa de novos verbetes, atualmente competindo em relevância e rapidez com vídeos no TikTok, Instagram e Facebook, apresenta um desafio intrigante. Quem sabe no futuro, enciclopédias terão de condensar informações em apenas 30 segundos?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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