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Odilon Rios

Jornalista, editor do portal Repórter Nordeste e escritor. Autor de 4 livros, mais recente é Bode Pendurado no Sino & Outras Crônicas (2023)

Conteúdo Opinativo

Plano (de gaveta) para Alagoas crescer

02/08/2025 - 06:00
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No início dos anos 60 os melhores técnicos na área de planejamento e economia em Alagoas se juntaram e, liderados pelo governo do Estado, elaboraram um plano trienal que analisava características e tendências do desenvolvimento, ampliação do conhecimento dos recursos naturais – incluindo a energia nuclear –, além de buscar prováveis soluções para a distribuição de renda social, mantendo o véu na histórica estrutura que permite a existência de privilegiados ou escolhidos no poder público, quase sempre descolada da tão falada meritocracia.

Organizado no escritório técnico Paulo de Assis Ribeiro, no Rio de Janeiro, “Notas para as Observações sobre o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social 1963/65 do Governo Brasileiro” tem 511 páginas, previa investimentos federais através da Sudene; apoio financeiro dos Estados Unidos; aumento da renda per capita de 323 dólares em 1962 para 363 dólares no ano seguinte, aumento da produção industrial com “alcance da planificação de uma economia subdesenvolvida”.

Naquela década, Alagoas tinha 1,2 milhão de habitantes, 76% deles concentrados em áreas rurais, 42,5% distribuídas em atividades domésticas e escolares diversas e 36% na agricultura, pecuária, silvicultura e indústrias extrativas.

Reconhece-se que Alagoas teve, ao longo de sua história, “alguns períodos de prosperidade econômica, nas fases de exploração pecuária, e no início do desenvolvimento das suas atividades agrícolas”, mas sempre viveu em situação de defasagem em relação a outros estados “por falta de uma orientação político-econômica” de seus governantes.

Entre 1822 e anos 60 do século 20, a evolução econômica de Alagoas não apresentava grandes alterações. “(…) o problema do desenvolvimento do Estado de Alagoas deve ser encarado como o da recolonização em bases econômicas, sobretudo no que toca ao uso e acesso à terra e às condições de assistência educacional, sanitária, técnica e financeira ao trabalhador rural e às suas famílias”, diz o plano.

Recolonização significa a criação de núcleos coloniais, em cima de terras devolutas, garantindo assistência à educação, saúde e medicina preventiva; eletrificação rural; industrialização regional; facilidades dos meios de transporte; conhecimento dos mercados consumidores.

Os eixos para desenvolvimento de Alagoas estavam principalmente nas próprias condições locais. Ao aproveitar estas condições, o Estado, na visão do plano, conseguiria gerar linhas de emprego “com as possibilidades de utilização e aperfeiçoamento da mão de obra”.

Eis as diretrizes:

  • desenvolvimento da mineração, seguindo a tendência do Brasil, ainda assim “tem sido lenta e difícil” no país, mas existiam linhas de financiamento via Sudene, intensificando “pesquisas sistemáticas, não só das jazidas de valor econômico como dos mercados nacional e local”;
  • fomento da produção extrativa vegetal, com “destaque especial entre os problemas de base é considerar”;
  • fomento da pesca “com estudos indispensáveis das condições marítimas na costa atlântica, das Lagoas e açudes da área do estado e dos meios de instalações convenientes e dos demais recursos capazes de garantir a implantação dos serviços de pesca”;
  • criação da Companhia Agroindustrial de Alagoas.

Destino do plano: as gavetas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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