Pedro Oliveira é jornalista , escritor, colunista do Jornal Extra, Tribuna do Sertão e presidente do Instituto Cidadão.

Conteúdo Opinativo

Alagoanos contra Alagoas

05/05/2024 - 06:00

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Lia recentemente a opinião de um dos juízes do Prêmio Nobel, em Estocolmo, Suécia, quando um repórter lhe perguntou por que o Brasil nunca havia sido contemplado com a honraria. E assim ele respondeu: “O Brasil é talvez o único país do mundo que ao ter um nome indicado para prêmio, são protocoladas grande quantidade de denúncias, o que contribui para suas exclusões. Um fato recente me trouxe a essa realidade. O jovem advogado alagoano Adriano Avelino teve seu nome homologado como o primeiro da lista para ocupar o cargo de ministro do Tribunal Superior do Trabalho, cuja escolha dependia do presidente Lula, que optou por outro candidato. Setores hipócritas da imprensa local ao invés de fomentar e ressaltar os atributos que o credenciavam para o cargo, buscaram palavras soltas no calor de campanha política, atribuindo a ele falas distorcidas, por pura maldade. A alguns incomoda ver o alagoano crescer por mérito, sabedoria e merecimento.

Homens que se cuidem

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei de autoria do deputado Capitão Alden (PL-BA) que mantém o direito de herança para mulheres vítimas de violência que matarem o marido ou companheiro agressor em legítima defesa. A proposta também mantém na sucessão o filho que matar o pai para defender-se de violência. A proposta altera o Código Civil que hoje exclui da sucessão herdeiros que: •participarem de crime, ou tentativa de homicídio de cônjuges, companheiros, pais ou filhos; •acusarem caluniosamente, em processo judicial, o autor da herança, ou praticar crime contra sua honra ou de seu cônjuge; ou •dificultar ou impedir, por meio violento, que o autor da herança disponha livremente de seus bens por testamento. A proposta modifica ainda a Lei Maria da Penha, para assegurar a essas mulheres e filhos a assistência prevista para aqueles que passam por situação de violência doméstica e familiar.

A ditadura roubou nosso Nobel

Já que falei em Prêmio Nobel lembrei do único brasileiro que foi indicado quatro vezes e barrado pela ditadura militar. O arcebispo de Olinda e Recife Dom Hélder Câmara poderia ter sido o primeiro brasileiro a vencer o Prêmio Nobel da Paz, no início dos anos 1970, não fosse a intervenção do governo militar do general Emílio Garrastazu Médici. A revelação foi feita pela Comissão Estadual da Memória e Verdade, que leva o nome do religioso, durante o lançamento da obra “Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de Dom Helder Câmara”.

Só pensam naquilo

Mesmo com as vedações da Lei das Estatais (criada no Governo Temer para acabar com a farra dos jetons) quase metade dos 38 ministros do Governo Lula (PT) ocupam cargos em conselhos de empresas e fundações e acumulam salários. A maioria deles é filiada ou ligada ao PT. Pelo menos 17 ministros (45% do total) têm funções em conselhos administrativos ou fiscais de empresas e fundações privadas e públicas. Os ministros ocupam cargos em conselhos de entidades públicas, mistas e privadas. As atividades geralmente envolvem reuniões mensais, com carga horária variada. Com esse mecanismo os salários de alguns ministros chegam a triplicar.

De hospital, eu conheço 

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a tragédia da Braskem tem avançado em suas convocações para mais de depoimentos de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o acidente que mudou a vida de milhares de pessoas e, segundo apurei, in loco, muitos caminhos ainda serão seguidos, procurando culpados. Estive na comissão no dia em que prestou depoimento o procurador geral do Município João Luís Lobo Silva, cujo conteúdo desagradou a maioria dos membros da CPI. “Argumento fraco e frio”, me disse um senador. Depois da reunião, fiquei escutando em uma “rodinha” entre jornalistas e o senador Omar Aziz, não perguntei, mas passei uma pergunta para um colega à qual o senador respondeu: “De hospital eu conheço muito, da construção à operação, ora se conheço”, disse sorrindo.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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