Pedro Oliveira é jornalista , escritor, colunista do Jornal Extra, Tribuna do Sertão e presidente do Instituto Cidadão.

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E se Michelle ganhar?

02/06/2024 - 06:00

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Dizem, no popular que “nada está tão ruim, que não possa piorar” e essa constatação me assusta muito. Olho pelo retrovisor e vejo um deputado medíocre, desonesto e despreparado, ser eleito presidente em uma comoção nacional anti-petista. Após quatro anos de desastre e desmonte do país e suas instituições e ameaça à Democracia, mais uma vez o povo, em sinal de reprovação, traz o PT de volta elegendo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o seu terceiro mandato, com disputa polarizada. O temor: o governo Lula ainda não deslanchou quase na metade do mandato, e mantém algumas rusgas com o Congresso. Se a economia fracassar e pesar no bolso dos brasileiros, aí o caldo fica salgado e não tem quem dê jeito. Bolsonaro impedido, terá madame Michelle como candidata (hoje é a única candidatura que compete com Lula) vindo com força. E se o povo resolve repetir em protesto as eleições de 2018? Restará apenas um título para um livro: Bolsonaro, um casal que acabou um país.

Jornada dupla Tendo que me deslocar a Brasília, tive dificuldade em encontrar vagas nos hotéis que costumo me hospedar, coisa que nunca me aconteceu e só após fazer contato com um amigo hoteleiro consegui e por ele fui informado: “Durante a semana vai acontecer mais uma ‘marcha dos prefeitos’ reunindo mais de mil chefes de municipalidade do país inteiro e acompanhados de uma ruma de assessores aleatórios”. É normal de, na mesma proporção, garotas de programa se deslocarem de Goiás e Minas Gerais em uma “marcha”, com outra pauta. Durante o dia reuniões, almoços, farras e pedidos de ajuda ao governo federal. Com programas tabelados entre R$ 500 e R$ 5 mil, a festa rola nas boates e prostíbulos da capital.

Precário e ineficiente No Brasil o instituto da ressocialização é precário e ineficiente, o sistema carcerário com superlotação em todos os presídios, contribui para o agravamento da violência e, por não ser adequado, também para que alguns presos, após cumprir suas penas, saiam com maior potencial criminoso. Já está claro que em cada “saidinha” concedida, acontecem muitas fugas e prática da reincidência de novos crimes.

Os “frutos” da tragédia Parece incrível, mas não é tanto assim, quando se constata que alguns prefeitos do Rio Grande do Sul chegaram a comemorar as enchentes que mataram e destruíram muitas famílias, na perspectiva de muito dinheiro nos cofres das prefeituras. Numa reunião virtual com prefeitos do Rio Grande do Sul nesta semana, ministros de Lula ficaram incrédulos quando um gestor ofereceu o Pix pessoal para receber recursos federais. “Presto conta de tudinho”, garantiu o esperto. Já o prefeito de Porto Alegre, também bolsonarista, indicou o Pix de um assessor.

Tudo empate Quem pensou que a CPI construída por Renan Calheiros daria em pizza, se enganou, deu em m..da. Os “bodes expiatórios” foram apenas agentes executivos da Braskem. Contrariando todo um enredo que supostamente envolve figuras expressivas da política local, ninguém foi indiciado, mesmo aqueles que negociaram por fora e receberam alguns milhões por imóveis sem valor de mercado. Ficou fora também a negociação antecipada da Prefeitura de Maceió. Tudo empate nesse jogo sujo.

O ‘tigrinho’ mata A perigosa tendência dos jogos de azar online, conhecida como “jogo do tigre”, fez mais duas vítimas em menos de um mês no Maranhão. Rafael Mendes, de 17 anos, é a mais recente. Ele recorreu ao suicídio por dívidas com o jogo. Aqui mesmo o megaempresário Rafael Tenório veio a público externar sua preocupação diante da situação de grande parte de seus empregados, envolvidos em dívidas em consequência de terem perdido no “tigrinho”. Sua fala ganhou repercussão nacional e chamou a atenção para o grande número de casos de suicídios e desespero de pessoas envolvidas em dívidas com bancos, agiotas, outras até roubando para sustentar o vício no jogo online, que está causando tantas mortes e arruinando famílias.

Gestões “cooperadas” O esquema de fraudes descoberto nas prefeituras pelo Ministério Público já era do conhecimento de todos e envolve altas somas e milhões, todos com o mesmo “modos operandi”. Todos os municípios que contrataram através de uma “cooperativa” estão envolvidos diretamente em um dos maiores esquemas e fraude e desvio de dinheiro público. O MP mostrou apenas uma parte e, por estranho, não aparece nomes dos prefeitos envolvidos até o pescoço com o esquema de corrupção. Vamos aguardar o desenrolar dos fatos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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