O tempo do prefeito
Um dia após a eleição, o prefeito JHC surpreendeu ao chegar no gabinete e pedir um mapa de Alagoas. Em seguida, ordenou para lhe entregarem imediatamente uma relação com prefeitos eleitos e derrotados, com a respectiva votação, além de vereadores de todos os municípios. Ordens atendidas, trancou as portas e, em algum momento, mandou chamar a secretária de Comunicação, Eliane Aquino, com a qual ficou por vinte minutos e dez segundos. Demorou cerca de quatro horas, deu e recebeu alguns telefonemas e, ao sair, levando seus mapas e marca textos, o seu semblante era só felicidade.
Logo chegará o tempo de construir alianças e apoios importantes. O prefeito já mostrou sua competente estratégia no tabuleiro da política, com o resultado vergonhoso para seus adversários em Maceió. Em cada município que passar, irá deixar uma boa impressão, com seu perfil carismático, papo reto, poder de convencimento e Maceió como vitrine para mostrar do que é capaz. Isto se for candidato. (A história é fictícia, mas muito próxima do real).
Emendas Pix
Quem ainda não entendeu o apego dos políticos às chamadas emendas Pix – quando o dinheiro vai direto para o caixa dos municípios – deve olhar o resultado da última eleição. Das 174 cidades que, segundo dados da Controladoria-Geral da União (CGU), mais receberam esse tipo de recurso, 94% reelegeram seus prefeitos ou deram a vitória aos candidatos apoiados por eles. A taxa de reeleição nessas localidades ficou bem acima da média nacional de 81,4% registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já é recorde. As emendas Pix estão na mira do Supremo Tribunal Federal (STF), que exige mais transparência por parte do Legislativo.
Post-mortem
Passava um pouco das 18h do dia 6 de outubro de 2024, quando os sinos da catedral de Nossa Senhora do Amparo, em Palmeira dos Índios, começaram a badalar, mas não era como de costume saudando “a hora do ângelus”, mas um melancólico “post-mortem”.
Alguns católicos ficaram sem entender aquele som e saíram à procura de informação, que logo se confirmou: era a morte da própria cidade. Uma morte anunciada e prevista. “La città è morta”. Depois de quase oito anos de uma administração forjada na mentira, na destruição de seu patrimônio histórico e cultural, no sucateamento.
De olho nos votos
Reeleito com 78% dos votos válidos no primeiro turno, o jovem e habilidoso prefeito do Recife, João Campos (PSB), disse que a centro-esquerda precisa ter uma melhor preparação para as disputas eleitorais. “Nos grandes conflitos ideológicos de esquerda e direita, há questões que são valorosas para os dois campos, mas que, na prática, não são a essência das demandas do dia a dia de uma cidade.” Em tempo: Campos, ao que parece, já começou a tocar sua candidatura ao governo de Pernambuco.
Vai fazer falta
Essa nossa legislação eleitoral é mesmo uma piada. O jovem e corajoso vereador João Catunda foi eleito na eleição de 2020 com 3.768 votos. Desempenhou um mandato ativo, sendo em alguns momentos o grande protagonista do Legislativo municipal. Atuante no plenário e no cotidiano, defendeu causas de várias categorias, fiscalizou e cobrou ações do Executivo, denunciou chefetes da política. Pelo seu trabalho, obteve 5.664 votos e mesmo assim não foi eleito. Uma pena, desfalcou o poder, mas ainda poderá chegar lá.
PDT, uma vergonha
Sob o comando do vice-governador Ronaldo Lessa, aconteceu com o PDT o previsível desde sempre: o constrangimento de votações humilhantes para os seus principais candidatos. João Folha, o preferido de Lessa, só conseguiu 1.896 votos e o ex-prefeito Cicero Almeida, outrora campeão nas urnas, obteve ainda menos, 1.793. Almeida anunciou que não disputa mais eleição. O Folha (murcha) deveria fazer o mesmo. Não lhe cabe destino ou vocação política.
Fernando Collor
O início do jovem Fernando Collor na política foi muito aquém daquilo que poderia ter acontecido. Faltou estratégia e profissionalismo. Eu mesmo só soube uma semana antes da eleição. Contra ele estavam o tempo curto e a falta de visibilidade. Teve o apoio explícito do tio, mas até a mãe não se empenhou para ajudá-lo. O menino tem destino e vocação política. Só precisa aprender com o tio Collor o caminho das pedras.
Quer aparecer
Parece que o ministro Flávio Dino (STF) está sentindo falta do palco das celebridades, quando era o mais notado no governo do presidente Lula. Virou ministro do STF e agora, de toga, a conversa é outra. Tem sido até deselegante com deputados e senadores. Dino é acusado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, de não cumprir o acertado entre os três poderes sobre essa pauta. O Dino não admite ser apenas mais um na sua atividade política e agora na Justiça; ele quer ser o “cara”. A vaidade é a tia da burrice.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA