colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Zé com Zé

04/02/2024 - 09:39

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Região do Pinheiro desocupada
Região do Pinheiro desocupada

O leitor amigo já ouviu falar de operações do mesmo comitente (OMC)? É muito provável que não, se não for alguém especialista no mercado financeiro. Por aqui há coisa de um ano, falávamos da Zé com Zé, uma operação em que um investidor identificado figura nas duas pontas (compra e venda) em determinado negócio. 

É, o negócio não cheira bem. Tanto, que até regulamentação para coibir “sabedorias” existe: o manual de procedimentos operacionais de negociação da B3 (ex. bolsa de valores de São Paulo) e a norma de supervisão sobre operações de mesmo comitente da BSM. Ainda assim...

As OMC por incrível que venha a parecer são legais. Desde que (e é aí que o bicho pega), sejam ocasionais, aleatórias e não intencionais (grifo nosso, nesse caso). Portanto, quando a OMC descamba para a sistematicidade, recorrência ou intencionalidade podendo influenciar o mercado, elas são irregulares, criminosas.

As OMC são operações típicas de bolsa de valores. Aqui tomamos a liberdade de utilizar as suas exigibilidades legais da Zé adaptando-as ao Caso Braskem para ajudar a entender certas práticas, digamos assim, heterodoxas, cujas que a empresa vem utilizando, no limite, em Alagoas.

Os acordos sociourbanístico, o sócio ambiental e o celebrado com a Prefeitura de Maceió, todos orquestrados pela Braskem a seu bel prazer e para seu único interesse, tratam-se – como até as pedras sabem em Alagoas – de um comportamento sistemático, recorrente, intencional (e aí está a Zé com Zé corporativa), seu lucro.

Peças “dignas” de servir de manual de referência – ainda não escrito - para o cometimento de arbitrariedades, de como destruir parte significativa de uma capital de estado, ou mandar – literalmente – em quase todo o mundo oficial federal, estadual e municipal e por cima ainda fazer calar todas as associações de classe, intimidar pessoas e entidades sociais que dela discordem e sair incólume dos crimes cometidos. A empresa e seus dirigentes.

É o jogo bruto da empresa com aqueles que a receberam de braços abertos, acalentaram o sonho furado das suas promessas de crescimento, desenvolvimento, progresso, enfim, para um estado paupérrimo. Mas que receberam em troca a destruição de parte significativa de sua capital, a brutalidade com que ela vem lidando com as dores e os prejuízos de mais de 148 mil pessoas afetadas de forma direta pelo megadesastre que ela causou e o desrespeito com as autoridades e os órgãos públicos de fiscalização quase todos cooptados.

A CPI, sabemos, não pode tudo, mas poderá alumiar as falcatruas, descaminhos, anomias, prevaricações e corrupções e colocar a imagem dessa gente que até hoje se esconde por detrás de suas posições oficiais para trair Alagoas e os alagoanos.

Chega! Basta de tantos Zés com Zés!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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