A tragédia da educação em Maceió
Quando há 5 anos o município de Coruripe despontou em primeiro lugar no ranking das melhores escolas públicas do país, a surpresa (para quem não sabia o que estava ocorrendo por lá) foi grande. No embalo da notícia, fomos lá para entender o que estava acontecendo. Nos deparamos com um trabalho excepcional, onde pontuavam metodologia, modelo de ensino próprio e uma equipe unida e motivada que se refletiam na alta performance dos resultados.
No mesmo período, descobrimos também que – embora não visitássemos – Teotônio Vilela, Santana do Mundaú e União dos Palmares trilhavam rotas assemelhadas a Coruripe. O que nos levou, à época, a produzir uma série de artigos para o EXTRA, sugerindo que o modelo fosse disseminado nos demais municípios de Alagoas e do país.
Após 5 anos, o avanço da qualidade do ensino fundamental em seus anos iniciais se espraiou por todo o estado e levou Alagoas a brilhar no IDEB/2023 com o 2º melhor desempenho do país. Aqueles 4 municípios alagoanos aqui citados tiveram 5 de suas escolas entre as primeiras do Brasil nos anos iniciais do ensino fundamental, enquanto Alagoas, com 31 escolas posicionadas dentre as 100 de melhor performance do país, teve, sem dúvidas, um enorme salto qualitativo em relação a uma década atrás, quando patinava dentre os piores desempenhos dos estados na educação fundamental.
Naquele mesmo ano em que Coruripe chamou a atenção nacionalmente, uma única escola do município de Maceió teve boa performance no ranking nacional do ensino fundamental. Um grão de areia no universo das escolas públicas municipais da capital, cujo ensino era o penúltimo dentre as demais capitais do país. Um horror! Uma tragédia!
Passados cinco anos, diferentemente do desempenho de Alagoas como um todo, que brilhou no ranking dos estados, os resultados do IDEB/2023 mostraram que Maceió – infelizmente – não saiu do lugar: é o penúltimo desempenho qualitativo dentre as 27 capitais do Brasil. Maceió conspurca a performance alagoana apresentando um índice vergonhoso, trágico mesmo para o futuro dos jovens que dependem da educação pública no município, pois, como se sabe, sem educação de qualidade o que sobra para eles é atraso, subdesenvolvimento, baixa produtividade da mão de obra, baixos salários, informalidade no trabalho e pobreza infinda. E pelo que se depreende, não vai melhorar se não acontecer uma virada quântica na gestão municipal para o setor. Difícil de ocorrer, como se viu nos últimos quatro anos.
A campanha eleitoral ora iniciada é uma excelente ocasião para os candidatos mostrarem por A mais B o que farão para tirar a capital de Alagoas do vexame educacional a que a população está submetida. Mas, ao mesmo tempo, é também a oportunidade para o atual prefeito-candidato explicar o inexplicável: por que, passados 4 anos, Maceió continua na rabeira da educação brasileira. E sem perspectivas de curto ou médio prazo para mudanças alavancadoras por parte da atual gestão. Diferentemente de Alagoas, que mostrou ser possível dar passos importantes para sair do atoleiro da educação de baixa qualidade.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA