colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

COP30: Hipocrisia Explícita, Fraude Sistêmica e Pífios Resultados

09/11/2025 - 09:16
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A 30ª Conferência das Partes (COP30), sediada no Brasil, em Belém, no epicentro da Amazônia, não é um encontro diplomático; é o palco máximo da farsa verde global e o testemunho irrefutável da inadequação fatal do modelo de negociação climática e da fragilidade institucional e política da ONU. Longe de ser um marco de progresso, a COP30 herda a crise de credibilidade das conferências anteriores e projeta-se como uma catástrofe programada de logística e resultados.

O Fracasso das COPs

O modelo COPs faliu e ninguém enterra. Comprovadamente ineficaz, ausência criminosa de compromissos verdadeiramente vinculantes, e tantas outras coisas, as COP tem sido incapazes de evitar que o planeta continue em rota de colisão terminal.

O Veredito Punitivo dos Dados

A meta imposta pelo Acordo de Paris (COP21) — limitar o aquecimento global a 1,5 °C — vem sendo sabotada pelos próprios signatários. Os compromissos apresentados pelos países (as NDCs) são um insulto à ciência e uma mentira deslavada.

A mera soma das NDCs em vigor atira o planeta para um aquecimento entre 2,5 °C e 2,9 °C até o final do século. Os supostos "avanços" das COPs são miséria total, maquiagem barata e crime contra a humanidade!

O escândalo maior é a omissão covarde para um acordo definitivo que imponha data para o extermínio dos combustíveis fósseis. A indústria petroleira e seus poderosos lobbies controlam a agenda, garantindo que o petróleo, gás e carvão permaneçam como a espinha dorsal da energia mundial. As COPs anteriores capitularam covardemente, aceitando apenas a "redução gradual" (phase down), e nunca o "fim definitivo" (phase out).

O Fato Indiscutível: Enquanto a ONU simula preocupação, os maiores poluidores injetam bilhões em subsídios para manter a produção de fósseis, desprezando publicamente todo o discurso de transição energética.

A Esmola Insultuosa do Financiamento

O pacto atual de financiamento – US$ 300 bilhões anuais até 2035 para nações em desenvolvimento – é universalmente condenado por sua inadequação grotesca e por institucionalizar a dívida climática. As estimativas reais apontam que os países em desenvolvimento necessitam de trilhões, e não de algumas centenas de bilhões, para adaptação e mitigação. O valor negociado é uma migalha diante da catástrofe iminente.

A Armadilha da Dívida: Os críticos denunciam que os textos finais omitem a exigência de que o financiamento seja, primariamente, em forma de doações. Isso garante que o dinheiro chegue como empréstimos onerosos, transferindo o custo da crise (de responsabilidade dos países ricos) para o Sul Global e esmagando-o sob mais dívidas.
A Prova do Cinismo: As nações ricas falharam vergonhosamente em cumprir o compromisso original de US$ 100 bilhões anuais até 2020. A promessa inflada para 2035 não tem nenhuma sustentação.

A Estelionatária Logística: Belém e a Exclusão Brutal

A escolha de Belém para a COP30, embora simbolicamente vendida como um ato de redenção, está se revelando um desastre monumental em termos logísticos e sociais, expondo o evento como elitista e alheio à realidade amazônica

Infraestrutura: Caos e Corrupção Implícita

Belém carece da infraestrutura básica para suportar uma delegação de 50 mil a 60 mil pessoas. Este descaso gerou um cenário de especulação e abuso:
Preços Extorsivos: Os valores das hospedagens atingiram patamares proibitivos, tornando a participação impossível para ativistas, cientistas independentes e a própria sociedade civil do Sul Global. A COP30 corre o risco de ser a mais excludente da história.

Desperdício Cínico: Os investimentos em obras de infraestrutura de emergência geram suspeitas de superfaturamento e gestão negligente, desviando o foco da crise climática para problemas cronicamente brasileiros de corrupção e ineficiência.

Exclusão: O Silenciamento dos Povos

A crise financeira da COP30 ameaça silenciar as vozes mais importantes: indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais. O evento, que tem a Amazônia como bandeira, torna-se um encontro de castas, com custos de participação excludentes para aqueles que vivem a crise na linha de frente. Isso não é "justiça climática"; é hipocrisia institucionalizada.

Conclusão: Um Novo Cenário para a Tragédia Anunciada

A COP30 que começa hoje será, invariavelmente, um novo espetáculo para a mesma farsa diplomática: discursos vazios em um cenário exótico, seguidos por resultados que não servem para frear a catástrofe.

Este evento em Belém não é um farol de esperança, mas sim o monumento à falência do multilateralismo climático. Os fatos gritam que as emissões permanecem altas, os países ricos impõem condições de endividamento perpétuo ao Sul Global, e as regras do jogo são escritas pelos poluidores. A COP30 é uma fraude logística e politicamente inútil incapaz de gerar a ação drástica e vinculante que a sobrevivência planetária exige imediatamente.

E o Lula, hem? Refastelado num iate 5 estrelas assiste de camarote a “farra do boi”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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