colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Acordo vergonhoso ou sem-vergonha?

15/11/2025 - 06:00
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É com uma revolta que mal cabe no peito, uma ira fria e um desprezo absoluto que se deve encarar a abjeção, o escândalo e a humilhação perpetrados pelo governo de Alagoas na negociação com a Braskem! Não se trata de um acordo, mas de uma rendição vergonhosa que enterra a dignidade e o futuro do estado em termos tão vis, tão acachapantes, que chegam a ser uma afronta à inteligência de cada cidadão alagoano.

Que termos são estes? De que “negociação” estamos falando, senão de um tapetão imundo onde o poder público se ajoelhou diante do lucro da multinacional que destruiu bairros inteiros em Maceió? Há um ano, o governador, reunido com os afetados, se comprometeu solenemente: “ninguém fica para trás” (numa futura negociação com a Braskem). Deu pra trás. Rasgou sua promessa e descartou-a como se joga no lixo uma ponta de bituca! É a traição em sua forma mais cruel. O governo agiu como um capataz subserviente, facilitador da impunidade, em um crime contra Maceió que é o maior acidente ambiental da história!

E o que é ainda mais repugnante é a tática vil que se seguiu: a censura subterrânea! A mordaça imposta à mídia local, o silêncio forçado e a intimidação para impedir que a verdade sobre esta lambança nefasta chegasse ao público. Tentaram sufocar o grito de indignação, calar a imprensa e esconder a extensão da traição. É a prova cabal de que sabiam da enormidade da falcatrua que estavam cometendo.

Mas o cúmulo do cinismo e da indecência veio depois. Após blindar a verdade, o governo surge com uma nota cavilosa que nem a velhinha de Taubaté do Veríssimo acreditaria, uma peça de ficção descarada, alardeando que irá gastar R$ 5 bilhões em “investimentos” em Maceió! Que piada de mau gosto para com aqueles que foram apunhalados covardemente pelas costas!

Este ato não é apenas um erro administrativo; é uma mancha indelével na gestão pública, um símbolo da submissão ao poder econômico. O tinteiro da revolta transborda neste texto. O desprezo por esta rendição inaceitável é o combustível que exige a transparência e a justiça que foram roubadas de Alagoas!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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