É professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e cirurgião especializado em cirurgia digestiva. Graduou-se em medicina pela Ufal (1980) e é mestre em gastroenterologia cirúrgica pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp. Atua como docente e cirurgião na área de cirurgia digestiva da Ufal.

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Por que existem tantos amanhãs e apenas um hoje?

11/10/2025 - 06:10
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Texto de Ricardo Nogueira – médico e professor da Ufal

Porque os amanhãs podem ser tão diversos quanto a nossa imaginação, os nossos sonhos, enquanto o hoje é palpável, real, concreto, inescapável. Espera-se uma vida inteira pelo hoje, o dia da realização, do tudo ou nada. Para viver o hoje não pode haver desculpas, só se admite presteza para o cumprimento do dever.

Os seres humanos que se desincumbem das suas tarefas, assim que surgem estão sempre quites com o hoje.

Há que nos revestirmos de estupenda força mental para usufruirmos e darmos conta de cada segundo.

Quão salutar seria se houvesse um sistema educacional que verdadeiramente nos preparasse para uma vida plena, para usufruirmos do hoje sem qualquer desperdício.

Tudo na vida depende de uma educação redentora. Para tal, careceríamos de várias escolas superiores de formação de professores, com as indispensáveis residências acadêmicas, que ensinariam aos futuros docentes a exercer liderança, a ensinar de maneira didática, lúdica e entusiástica. Afinal, quem aprende e se diverte ao mesmo passo jamais esquece. O aluno não pode sentir o peso do aprendizado; se assim acontecer, já isso não é ensino, mas tortura.

Carecemos de uma cidade inteira para educar um indivíduo. Temos de sair dos ambientes intramuros para respirar o oxigênio da realidade das ruas, do contato com indivíduos fora do ambiente escolar.

Os colégios carecem ensinar para a vida e não para a prova.

Urge que o professor seja um indivíduo modelar: no falar, no andar, no vestir, no comportar-se. Há que ser um sujeito sempre pronto a surpreender, apto sob todos os aspectos a beber dos ensinamentos do hoje, juntamente com os alunos.

Três cláusulas a serem obedecidas pelos professores: clareza, objetividade, verdade. O verdadeiro professor é aquele que transforma o insípido em atraente. É o que sai da planície da monotonia, é o que detona a aula entediante.

Mestre é quem ensina sem rodeios: a boa pontuação é a diferença entre uma frase bem escrita e uma frase só escrita.

O professor modelar consegue transformar um ninguém em um alguém memorável. Tal qual Shakespeare, atua com o olho no público, ou seja, na classe, para ver o que funciona.

Tudo isso para dizer-lhes que somos a educação que recebemos, os livros que lemos, as obras de arte que apreciamos. Somos o que nos emociona.

Na cidade do Porto em Portugal existe a Escola da Ponte, que pratica justamente essa filosofia. Quão salutar seria se todos se conscientizassem da necessidade de preparar gerações e gerações de gente competente em todas as áreas do conhecimento!

Hoje, 50% dos nossos universitários são analfabetos funcionais, a maioria dos professores jamais leu um livro, os técnicos deste país, em sua quase totalidade, são curiosos; daí ganharem salários aviltantes.

ACORDA, BRASIL, QUALIFICA A SUA GENTE PARA QUE TODOS TENHAM SATISFAÇÃO EM VIVER HOJE!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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