colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Mais um escândalo encoberto da Braskem

13/10/2024 - 10:00
Atualização: 13/10/2024 - 10:22

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Após “acoelhar” autoridades em Alagoas, fazer e desfazer a seu bel prazer com os 55 mil afetados que ela usurpou, dar uma banana simbólica aos demais 85 mil afetados residentes no entorno do megadesastre que ela provocou e deixados prá lá tipo: “que se virem”, desconsiderar o que ela provocou em oito dos municípios da região metropolitana de Maceió, desconversar e “levar no lero” o governo de Alagoas – que precisa agir - de quem ela é devedora pelos prejuízos causados, e de tirar de letra a CPI que ela também acoelhou, a Braskem sabe-se onipotente nesta terra de ninguém (para ela).

Não pensem que fica nisso os desmandos, com um acordo estranho, muito estranho para não ir muito longe, celebrado com órgãos de justiça, a empresa usa e abusa daquela peça escrota para “pintar e bordar” em Alagoas.
Mais exemplos? Há uma ano atrás ela e a prefeitura de Maceió promoveram um dos maiores escândalos jamais vistos nesta terra quando comprou por 1,7 bilhões (dos quais 700 milhões já foi avisando que não pagaria alegando gastos para consertar a cidade (vejam o desplante a que ponto chegou), um passivo que estava estimado inclusive por órgão da Prefeitura de Maceió em algo em torno de 8 bilhões de reais. E para piorar o que já era um escândalo, ainda levou de “troco” parte da cidade (ruas, praças, parques, vilas, etc.) “doada” irregular e ilegalmente pelo prefeito recém reeleito no bojo do acordo lesa alagoanos que as partes celebraram, literalmente!

Isso para não entrar no detalhe de que, aproveitando-se da subsidência da mina 18 ocorrida na Lagoa Mundaú, ela via seus cumpinchas da Defesa Civil de Maceió expulsaram – com polícia e tudo - de suas residências as últimas 104 famílias que resistiam ao seu assédio imoral para que aceitem vender os seus bens, alegando perigo de vida para os residentes – uma tremenda mentira que nenhuma autoridade de Alagoas, nem das justiças estadual e federal tiveram a coragem de se opor contra esse abuso de autoridade.

As pessoas, todas residentes a mais de 1 km da tal mina 18 (que afinal foi como a piada do elefante que pariu um rato) foram expulsas de casa sem ter para onde ir, senhoras em trajes menores, doentes acamados levados na marra, crianças chorando, cadeirantes obrigados a se deslocaram na madrugada, policiais invadindo as casas, um horror que a sociedade alagoana precisa se indignar!

Achando pouco e sabendo-se incólume em relação aos três níveis de governo, Federal, Estadual e Municipal, aí inclusas as respectivas justiças, a Braskem agora partiu para as picuinhas, uma vez que postos de quatro os que poderiam dar um basta nestes abusos praticados por ela, agora resolveu que além de expulsar de sua casa o Coordenador do Movimento Unificado das vítimas da Braskem (que, diga-se, não transacionou com a empresa o seu imóvel situado há mais de 2 km da área da mina 18) resolveu demoli-lo sem nenhum autorização do mesmo, nem da Lei (que ao que parece é o próximo passo da sua estratégia: fazer as Leis nessa terra de ninguém, como ela nos trata).

Ao resistir a essa ação criminosa impedindo a demolição, dias depois, o Coordenador do MUVB teve sua casa invadida e destruída internamente por um incêndio que tem cara de criminoso, parece criminoso, mas que as autoridades até agora não se manifestaram afirmando isso. Será que o farão? Pelo jeito, não.

E o que temos então?

Todos acovardados fingindo que o problema não é com eles, nem deles. É sim! Que autoridades, Justiça, organismos de classe e sociedade organizada é essa que aceita passivamente atos dessa natureza?

Não é assim que se constrói cidadania. Não é assim que se representa uma população sempre abandonada quando precisa. Saiam de suas tocas, ajam como deve ser o papel de pessoas públicas. O silêncio e a anomia nesse caso, é para os covardes!

A minha solidariedade ao Coordenador do MUVB e a todas as demais 140 mil vítimas da Braskem, abandonadas à sua própria sorte pelas autoridades e sem ter mais a quem apelar, nem mesmo ao papa ou a ONU que também já foram acionados por eles...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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