Nascida em São José da Laje, a jornalista alagoana Eliane Aquino se encontrava no Hotel Tropical, na cidade de Manaus, em março de 1986. Nesse período, o presidente da República, José Sarney, estava hospedado no local. Essa época foi marcada por turbulências na política nacional.

O presidente havia lançado o Plano Cruzado em 28 de fevereiro, uma tentativa de conter a hiperinflação e o reajuste de preços. No entanto, a economia do país enfrentava desafios significativos. O presidente também havia criado o seguro-desemprego em 10 de março, em meio a esses esforços para estabilizar a situação econômica. A revista Newsweek chegou a destacar o presidente na capa, associando o Plano Cruzado a um milagre.

Simultaneamente, estourava o "escândalo do colarinho verde" na Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no Amazonas. Esse escândalo envolveu uma fraude nas cotas de importação que ultrapassou os 200 milhões de dólares, e um empresário paraguaio, Nicolas Grispim Gamarra, estava no centro disso. A Polícia Federal investigava o caso, e havia um pedido de extradição para Gamarra, que residia em Miami na época.

Em meio a esse cenário, o presidente Sarney visitou o Amazonas em março de 1986, pela terceira vez naquele ano. Eliane Aquino, uma jornalista de 25 anos que trabalhava para o jornal A Crítica, estava entre os poucos jornalistas escolhidos para cobrir a visita presidencial.

Ela buscava uma oportunidade para entrevistar o presidente sobre a situação na Suframa. Quando finalmente teve essa chance, durante um momento inusitado no banheiro do hotel, Sarney concordou em responder às perguntas de Eliane Aquino, fornecendo uma entrevista exclusiva que se tornou a manchete do jornal do dia seguinte.

Anos depois, Eliane Aquino teve a oportunidade de reencontrar Sarney em Brasília, quando ele já era senador, e o episódio no banheiro do hotel foi lembrado por ambos com humor.