Coroação de Dom Pedro e a festa em Alagoas

A coroação de Dom Pedro, em 1/12/1822, três meses após a independência, era um ritual festivo, mas também um pacto político. Servia para avaliar a temperatura dos movimentos pró-imperador nas províncias, preparando festas pomposas e cheias de luxo equiparando a liderança do monarca à legitimidade do seu poder, além de acentuar a perseguição aos opositores.
A Junta do Governo que presidia Alagoas (José Fernandes de Bulhões, Jeronimo Cavalcante e Albuquerque e Antonio de Holanda Cavalcante) escolheu o 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para demonstrar toda a obediência e fidelidade da província ao rei. Ofereceu um Memorial da Festividade que começou no dia 28 de novembro até o dia 11 de dezembro.
No dia 1, às nove da manhã, se reuniram as tropas de Caçadores, Artilharia e Infantaria de Milícias, marchando às dez pelo largo da Matriz, parando para assistir à missa presidida pelo reverendo Antonio de Mello que lia as palavras bíblicas do capítulo 3 dos Cantares. O padre falava das vantagens para o Brasil de termos um imperador, alguém “tão cheio de virtudes”, destacando o merecimento dele para sentar no trono e seu juramento de ser o defensor e pai de todos os brasileiros. Vozes e orquestra entoavam o Te Deum.
A junta governativa saiu então para a sacada do Palácio Provincial, em cortejo, dando vivas à Igreja Católica, ao imperador, imperatriz, à dinastia dos Bragança e aos líderes políticos alagoanos. Uma salva de 101 tiros intercalada com três de mosqueteira abrilhantavam a festa, marchando em frente ao Palácio.
Seguiram-se seis dias de iluminação. No dia 7, houve uma encenação simulando a coroação, cantando as glórias de Dom Pedro. Nos dias 8 e 9, danças para o povo. Em 10 de dezembro, fogos de artifício. Nas tardes de 8, 9 e 10, doze cidadãos mais ricos da província corriam cavalhadas pelas ruas e, no dia 11, para encerrar os festejos, a encenação de Farnace, ópera de Vivaldi.
Em 7/4/1831, Dom Pedro abdica do trono em favor do filho Dom Pedro II.
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