colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Ecos da paulista e as próximas eleições

02/03/2024 - 13:25

ACESSIBILIDADE


Não, não estamos nos desviando do tema Braskem (retomaremos na edição de domingo do Extra Online), mas há outro que não pode deixar de ser abordado neste espaço: o uso – errado – do marketing eleitoral por candidatos, em especial os candidatos para eleições majoritárias.

O “padrão” dos políticos é contratar a peso de ouro algum “marqueteiro” alienígena. O termo pejorativo cabe como uma luva para essa gente “especializada” em temas “mamão com açúcar” ou a fuxicos e mesmo fakes sobre a vida pessoal dos outros candidatos. E distante muito distante das expectativas e esperanças do eleitor. Não precisava ser assim.

O erro começa quando o candidato traz um marqueteiro de fora – a um custo estratosférico – para liderar o marketing do candidato. Que mais das vezes mal sabe o nome do contratante, e rigorosamente nada sobre a realidade social, econômica, cultural, enfim, dos reais problemas que o estado ou a cidade tem e demandam soluções.

E aí haja músicas rasas com letras encomendadas para vender a “capacidade e as qualidades positivas” de quem o contratou; promessas etéreas descoladas da realidade como mais saúde, melhor educação, cuidar das pessoas, mais segurança, ou gente pobre desdentada dizendo que vai votar no candidato. Um repertório de platitudes copiadas de outras eleições que findaram por tornar o horário eleitoral numa chatice que ninguém assiste. Afinal, há tempo o eleitor descobriu que aquela enganação sonhática, é só lorota para enganar bobo.

Numa campanha – óbvio – se deve contratar profissionais de áreas distintas: comunicação, marketing, produção de eventos, etc. Como AUXILIARES de um comando liderado por gente qualificada, com ampla visão dos problemas do estado ou município, aguçado feeling político e capacidade para liderar o trabalho daqueles profissionais. E não o contrário, como foi de acontecer. Em tempo de redes sociais e altos padrões tecnológicos, ir para uma eleição majoritária com o modelo em voga de condução de campanha pode ser fatal ao candidato.

Além disso, o eleitor quer ouvir do candidato o que ele tem a propor para resolver problemas do seu dia a dia, mas também os estruturais da sua cidade. Coisas concretas, pé no chão. Que faça contraponto às posturas “velhas” dos outros candidatos. Modernidade, propostas credíveis “linkadas” ao desejo do eleitor, são a via certa para se chegar ao seu coração.

Veja-se o caso do domingo bolsonarista na Avenida Paulista. Pesquisa realizada pelo Monitor Digital da USP atestou que 88% dos manifestantes declararam que a eleição de Lula foi fraudada. O número é alto mesmo para o caso de os entrevistados serem bolsonaristas.

Pois bem, observem o fosso entre o que os manifestantes queriam ouvir, daquilo que foi dito no palanque: o pastor Silas Malafaia (bancou o evento) protestou contra a “perseguição” a Bolsonaro e não questionou as eleições, nem a pastora Michelle e menos ainda o ex-presidente, que só queria “apagar o passado” para se livrar da cana que se aproxima a passos largos. Mesmo entre fanáticos, o que o leitor acha que passou por suas cabeças? Frustração. O discurso esteve longe das suas expectativas enquanto eleitor. Daí a perder apoios é um passo.

Vejam o caso da ex-presidenta (sic!) Dilma que “esqueceu” as promessas feitas em palanque. Resultado? O povo nas ruas em 2013, a semente para o seu impeachment. Com as redes sociais ativíssimas e a tecnologia à disposição, o candidato que optar pelo “feijão com arroz” dos marqueteiros pode se dar mal. Exceto caso compre os votos, aí é outro departamento...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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