O tempo está encurtando
Mais um ano que passa. Os amigos estão indo embora. Precisamos de coragem para enfrentar o encontro com Deus. Entretanto, é preciso aproveitar bem o tempo a ser vivido. O Natal foi maravilhoso! Parte dos filhos e netos veio ficar conosco. Fizemos o “amigo da hora”, comemos as guloseimas da época. Agradecemos a Deus pelas vitórias alcançadas e administramos os maus momentos. Vez em quando vinha um susto: a pressão do vovô subiu! Todos corriam para ajudar.
Veio o Ano Novo! Alguns foram embora, procurando as célebres festas de final de ano ou festejar a passagem da data com a outra parte da família. Entramos em 2025 com menos gente, mas com muita alegria.
Começamos a pensar nos amigos que estão doentes, no sofrimento dos parentes e pedimos que todos rezassem pelos que estão lutando contra determinados males. Por que Deus leva pessoas queridas tão cedo? Elas gostavam de viver, curtiam suas famílias, seus afazeres e ainda tinham um longo caminho a percorrer. São os mistérios da vida!
Chegou pois janeiro e com ele a Festa de Santo Amaro! Paripueira cresce, milhares de devotos e turistas chegam à cidade. Tempo de refletir, agradecer, pedir bênçãos ao bom santo.
O pároco da cidade se multiplica, corre demais, convida e hospeda vários padres de outras cidades que participam das novenas e missas diárias. Cada um transmite uma boa mensagem para os católicos que rezam para o nosso padroeiro.
As barracas de comidas típicas, camisas, terços, imagens e lembrancinhas outras fervilham. Quando a missa termina, todos correm para as compras. A cidade se transforma, os comerciantes faturam mais, as casas são alugadas e a alegria se renova.
Apesar do cansaço, o pároco está feliz. A festa deu certo, São Pedro colaborou com pouca chuva, todos agradecem. E viva Santo Amaro!
Depois de 15 de janeiro, quando parte dos turistas vai embora, a temporada não chega ao fim. Plena alta estação. As praias ficam mais lindas, a hospitalidade do povo ajuda e quase nada volta ao normal.
E o tempo vai passando! Logo chegará o Carnaval! As prévias vão acontecendo e a mocidade se agita para pular nas areias da Paripueira! A velhinha fica pensando: Será que chegarei ao Carnaval? Será que sobreviverei ao Novo Ano? Bobagens na cabeça de uma idosa sabida!
De repente, más notícias chegam: Faleceu um vizinho de vinte e cinco anos. Tinha a idade do meu marido. Foram colegas de sala no Colégio Diocesano. A viúva, amiga querida de longos tempos, nos pede ajuda para marcar a Missa de Sétimo Dia. Lá se foi o Professor Benedito Pontes, figura ilustre das Alagoas. E outro Benedito também nos deixou. Benedito de Lira. Ex Presidente da Assembleia Legislativa, cuja gestão ficou marcada por ter sido amigo dos funcionários.
A vida é assim, cheia de altos e baixos. Hoje a criatura está alegre, amanhã pode estar chorando. É preciso muito equilíbrio para enfrentar tantas situações diversas e adversas.
Mas, vamos falar de coisas boas também. De amigos que ficaram, de parentes que nos amam, de médicos que nos acompanham, de remédios que nos salvam. Enquanto nosso dia não chega, vamos rir, cantar, aproveitar o Carnaval, curtir netos e bisnetos, tentar dar conselhos que não são ouvidos.
Ainda podemos viajar, conversar com nossos filhos e netos, nos alegrando com as vitórias de todos eles: noivados, casamentos, nascimentos de seus rebentos, formatura de alguns.
A maior graça que eu e meu marido recebemos de Deus foi chegar aos oitenta mais com lucidez. Apesar das doenças que nos atingem, nossa cabeça é boa e vamos curtindo o tempo restante com tranquilidade.
Que Ele nos leve no momento oportuno, sem muito sofrimento. Deus existe! Não duvide!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA